

A Troller pra correr o Sertões (já na era Ford), recebeu só uns trocados, levou um caminhãzinho de peças, churrasqueira, os carros e os pilotos. Quanto mais afrescalhado e urbano é o veículo, maior é a necessidade de investimento na Production T2. Equipes como a Mitsubish e seus patrocinadores levam 3-4 caminhões com peças, quartos com ar-condicionado, massagistas e o cacete a quatro. Pajero TR4 ER (versão de rally) é comum trocar 2-3 diferenciais, câmbio, etc. Teve até um post, não lembro se no facebook ou no troller clube, dos pilotos da troller fazendo churrasco sentadinhos num banquinho e mostrando a infraestrutura das outras equipes. Eles brincavam e falavam que se o troller quebrasse, estavam fora... Foi o ano da dobradinha (1o e 2o) se não me engano. No ano seguinte, acho que ficaram em 2o e 3o, e depois mudou tudo, já virou Novo Troller, e mesmo com o Novo troller, estréia, projeto novo, estão no pódio de novo, em 1o em 2015.
Acho que você não conhece bem o percurso do Sertões, pois teve muito Sertões que foi marcado por ser extremamente mais difícil que o Dakar, mesmo sendo um pouco mais curto. O Dakar é apenas mais longo. Ao invés de gastar 30-40 retrovisores, vai gastar 50 por exemplo. Em termos de dificuldade offroad, eles são as mesma coisa ou as vezes um ou outro é mais difícil dependendo do percurso. O Dakar tem sido muito prejudicado pela politicagem, fazendo-o ficar as vezes bem mais fácil devido a impossibilidade de se realizá-lo em certas regiões.
Com relação a motores de alta rotação ou baixa rotação, não existe absolutamente nada em termos de engenharia que indique que um motor dura mais ou menos. São apenas 2 filosofias de projeto diferentes e com propostas diferentes. E cada vez mais, os LSD estão virando HSD. Hoje é normal um LSD chegar a 3500 RPM. O NGD 3.0 tem rotação máxima a 3800 RPM! Uma filosofia privilegia o uso em veículos que puxarão cargas muito pesadas e que não necessitam de velocidade. A outra, privilegia veículos que puxarão cargas não tão pesadas assim, e que podem ser usados como veículos de alto desempenho. Em qualquer projeto de motor, o filme de óleo na rotação máxima deve ser capaz de lubrificar o propulsor eficientemente, impedindo desgastes excessivos, independente de ser um Humvee V8 a diesel do exército americano com 8000 RPM, um táxi a diesel europeu com 6000 RPM, ou um ônibus, caminhão ou uma bandeirante da década de 60 a 2000 RPM. O que é meio óbvio, é que projetos LSD são voltados a caminhões pesados quase que exclusivamente. E caminhões em geral não são usados em rampas de 45-50 graus numa trilha. Nem ficam muito inclinados, pois obviamente tombam. Não me admira que a Toyota só garanta 30 graus de inclinação, mesmo sendo um jipe leve e de altura semelhante a do troller. O projeto do motor com certeza não prevê garantia de lubrificação em inclinações laterais ou verticais mais altas, sendo a Toyota obrigada a colocar 30 graus como inclinação máxima.
E falando em peso em ordem de marcha (veículo vazio, abastecido de todos os fluidos completamente):
Troller 2.8 2000-2001 = 1650 Kg (com capota) / 1524 Kg (sem capota)
Troller 2.8/3.0 2002-2008 = 1850 Kg (com capota) / 1724 Kg (sem capota)
Troller 3.0 2009-2012 = 2050 Kg (com capota) / 1974 Kg (sem capota)
Troller 3.2 2013-2014 = 2065 Kg (com capota) / 1989 Kg (sem capota)
Troller 3.2 2015-2016 = 2140 Kg
Peso da capota até 2008 = 126 kg
Peso da capota até 2009 = 76 Kg
A carroceria do Troller de 2009 em diante é mais leve e um pouco menos resistente que as antigas. Ainda assim, o peso aumentou devido a reestilização Ford.
É comum ver gente leiga falando de peso como se fosse algo que prejudicasse um veículo... Só se for pra atravessar uma ponte caindo aos pedaços... O que realmente importa é a relação peso/torque! O que "dirigimos", de fato é torque e não cavalaria. Principalmente em offroad. É o que garante um veículo subir onde outros não sobem. Se um veículo pesa 1000 kg, 2000 kg ou 3000 kg, não faz diferença. Contanto que use pneus e pressão adequados para oferecer a melhor relação de kg/cm2 sob o chão, que é o que garantirá tração eficiente. E quanto mais torque/kg, melhor. Significa subir uma duna onde outro, não subirá.
De todos os trollers, o Troller com a melhor relação peso/torque é o 3.0 2006-2008 sem capota, conseguindo 44 kg/kgfm. Se for comparar com os 66 kgfm da reprogramação da SFI... dá até medo.
Passe um fim de semana com o piloto Neto no nordeste e um Troller 3.0 com 310 Cv. Pra isso, vale a pena remapear. Pra atravessar um rio, ou subir uma erosão, não fará diferença. Mas pra colocar um pneu 37", tem que ter motor pra empurrar. Tenho vários amigos de Troller 2.8, que venderam os pneus 37" e ficaram nos 35", devido ao MWM 2.8 não empurrar legal os 37" e o fato de que pra mexer no motor mecânico, teriam que gastar uma grana. No 3.0, tem troller até com pneu 46" em são paulo, com a reprogramação da SFI de 267 Cv e 66 kgfm de torque.
Está aí o melhor exemplo. Só de ler, fiquei cansado. Se fosse meu, eu não teria coragem.
E fazendo tudo isso na band... imagine fazendo num motor eletrônico que ganha mais de 100 Cvs e mais quase 30 kgfm de torque a mais sem trocar uma única peça mecânica. Se partirmos pra esse tipo de modificações, daqui a pouco vão sugerir um AP com bloco de Amarok pra se conseguir 1100 Cv, como estão fazendo por aí...