Em diferentes estados do Brasil, os terrenos arenosos têm características variadas, como os cerrados das chapadas dos Guimarães, dos Veadeiros e Diamantina, o Pantanal do Mato Grosso e as regiões litorâneas. Fora do País, existem áreas desérticas como o Atacama no Chile e os escaldantes desertos africanos, entre tantos outros. Em uma mesma região, áreas inexploradas e sem rastros de outros veículos podem esconder armadilhas para os novatos, já que a consistência do solo pode variar sem alterações perceptíveis em uma primeira e descuidada inspeção. Para transitar nestas regiões tem-se que procurar atender a requisitos básicos como potência e repidez de resposta do motor, tração nas quatro rodas, atenção permanente e sensibilidade para administrar a condução, sempre atento aos limites do veículo e seu comportamento.
Para atravessar trechos com muita areia solta, engate as rodas-livres, a tração 4x4 e o blocante, sempre antes de enfrentar o trecho. A marcha ideal depende muito do tipo de areia que terá pela frente, mas invariavelmente uma segunda ou terceira reduzida podem ser tentadas. A experiência irá lhe mostrar a solução para cada local.
Ao entrar no trecho, segure o volante com firmeza; você tem agora uma situação diferente do tráfego em pedras. Entre com determinação, mantendo a aceleração alta e constante. Uma vez iniciado o deslocamento, aproveite o embalo adquirido e procure não frear bruscamente quando precisar parar. Freie com suavidade ou tire o pé do acelerador, deixando que a resistência do terreno segure o veículo até a imobilidade total. Se você frear com violência, o travamento momentâneo das rodas provocará o acúmulo de areia na frente de todos os pneus, que terão dificuldade em subir esses pequenos montes para seguir adiante.
Evite fazer curvas muito fechadas, pois os pneus do lado de fora da curva irão afundar na areia. No caso de atolar, tente primeiro mover o veículo com uma arrancada suave; se precisar dê uma ligeira marcha à ré e em seguida engate uma segunda reduzida. Faça isso com destreza até criar um suave balanço, ou "momentum", como é mais conhecido, que embalará o veículo por cima da areia fofa iniciando o movimento para sair do buraco. Quando sentir que pode sair, use a segunda marcha e siga adiante. Saber usar o balanço ou "momentum" ajuda muito o veículo a iniciar o deslocamento e não perder o embalo alcançado com tanta dificuldade.
Por outro lado, se você encalhar não há por que se sentir derrotado, já que todos, sem exceção, até mesmo os pilotos do Paris-Dakar encalham, mais cedo ou mais tarde, em trechos de areia fofa. Agora é hora de aliviar o peso e começar a cavar. Passageiros e pessoas próximas poderão ajudar-lhe, mas no momento certo, pois tentar empurrar agora não vai resolver o problema. Inicie cavando em frente ou atrás de todas as rodas, dependendo de que direção você decidiu tomar, se adiante ou à ré.
Faça uma rampa suave para que os pneus iniciem o deslocamento. Use, se possível, pedaços de madeira, papelão, tapete, lona ou tecido, enfim, qualquer coisa que crie uma superfície firme para o pneu deslizar.
Se tiver água em abundância por perto, como na praia, por exemplo, molhe a areia logo à frente ou atrás das rodas, de acordo com a direção que você decidiu seguir, que isso irá compactá-la e facilitará a operação. Só tome cuidado para que a água salgada não entre em contato com as partes mecânicas e com a carroceria. Outros artifícios, como diminuir a calibragem dos pneus, podem ser utilizados. Feito tudo isso, é hora de chamar as pessoas que puderem ajudar. Dê a partida, use uma segunda marcha reduzida sem acelerações bruscas e solicite que empurrem o veículo sem balançá-lo para os lados, pois essa manobra irá fazer com que os pneus voltem a cavar a areia, afundando ainda mais. Se conseguir sair, não pare até conseguir terreno firme, caso contrário, é hora de começar tudo de novo.
Caso as tentativas acima não resolvam o problema, você pode ainda utilizar o guincho e outros acessórios de resgate.
Estando em comboio, evite sempre que possível utilizar a trilha deixada pelo companheiro da frente, pois ele cavou o terreno e você só irá cavar mais fundo ainda, podendo encalhar mais facilmente. Isso é comum em regiões como o Pantanal do Mato Grosso, quando o veículo que segue na frente deixa sulcos profundos na areia pura, piorando as condições para aquele que vem atrás.
Deslocamento em praias
O Brasil é um país abençoado por ter uma generosa extensão litorânea. Em inúmeros lugares, a prática de circular com veículos na areia da praia é uma necessidade de locomoção de moradores, ou razão para momentos de puro lazer dos turistas. A sensação de bem-estar e liberdade é muito grande, mas proporcional ao nível de desespero de ver o veículo encalhado e prestes a ser engolido pela maré. Andar na praia pode ser prejudicial à conta bancária! Se você está desbravando a região pela primeira vez, tente saber como é o tipo e o comportamento do solo por onde pretende passar. Pesquise com os moradores locais sobre o horário das marés e outros detalhes que podem ser cruciais em uma incursão litorânea. Na maior praia do mundo, a Praia do Cassino, no Rio Grande do Sul, existem certos trechos perigosos, mais ao sul, onde se pode encontrar uma camada fina de areia com muito lodo por baixo. Nestas situações extremas, onde se pode atolar muito próximo da rebentação, você tem que tomar decisões com rapidez e chamar ajuda quando necessário. Mas se você estiver em comboio, trabalhe em equipe engatando o veículo em tudo o que estiver ao alcance, para retirá-lo o mais breve possível do atoleiro.
O movimento das ondas gradativamente vai afundando os pneus, fazendo com que o chassis e a carroceria fiquem enterrados na areia. Se não forem tomadas as providências corretas a perda é inevitável. Para o deslocamento por esses trechos, sempre que possível informe-se com pessoas que transitaram por lá ou contrate um guia que conheça os segredos do lugar. Evite viajar sozinho para que as emergências sejam resolvidas em tempo hábil. Procure sempre andar por onde existe areia molhada; você pode transitar logo após uma chuva ou de manhã cedo, quando a água ou o orvalho ajudam a compactar a areia, facilitando a viagem e permitindo um tráfego seguro. Também nas praias é comum que pescadores locais finquem troncos na areia, com a finalidade de amarrar barcos pesqueiros. Com o tempo, esses famigerados troncos vão sendo enterrados pela areia e acabam ficando com apenas um toco exposto de no máximo 20 ou 30 centímetros de altura. É fácil deduzir o que pode acontecer se você estiver em alta velocidade e topar com um toco desses no caminho: você poderá capotar facilmente!
Fique atento e procure por pequenos obstáculos pela praia, para que a viagem possa ser desfrutada sem problemas. Mas os cuidados não param por aí; a praia e a areia requerem mais providências. Após o deslocamento, não se esqueça de passar no posto mais próximo para recalibrar os pneus, se você precisou esvaziá-los, e lavar muito bem toda a parte de baixo, como o chassis e a carroceria. A areia é muito abrasiva e, em contato com os componentes da suspensão, poderá causar desgaste prematuro de algumas partes móveis. O mesmo é válido para incursões próximas ao mar, porque a maresia e a água salgada são um veneno para a carroceria. Portanto dê uma boa ducha nele!
Para finalizar, lembre-se de que na praia, na grande maioria das vezes, você estará dividindo o espaço com veranistas. Verifique as normas locais e circule com seu 4x4 apenas onde é permitido.
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