Fala, pessoal! Tudo em paz?
Como entusiasta da Suzuki e apaixonado por Jimny há anos, tenho observado com certa preocupação os mais recentes comportamentos da Suzuki Brasil. O grupo HPE, ao que tudo indica, se prepara para deixar o país novamente, ou reduzir drasticamente sua atuação.
Desde 2019, como vocês devem ter percebido, a rede de concessionárias foi bastante reduzida.
Aqui em Natal/RN, por exemplo, onde tínhamos a saudosa Ippon Suzuki (que ano após ano era campeã de vendas e de elogios pelo atendimento), vimos o fechamento súbito da concessionária em dezembro de 2019. Ficamos órfãos de Suzuki na cidade. Os carros em garantia passaram a ser atendidos pela concessionária Mitsubishi (somente para manutenção, deixou de ser vendido Suzuki 0km)
Esta situação se repetiu em MUITOS estados e cidades pelo país, acredito que tenhamos alguns exemplos de próprios membros daqui do fórum.
De lá pra cá, apesar da redução do número de concessionárias, continuamos vendo à venda a linha "completa", com S-CROSS, NEW VITARA, JIMNY e SIERRA.
No final de outubro de 2021, contudo, a Suzuki parou de importar o New Vitara e o S-Cross alegando falta de componentes no Japão (justificativa estranha, considerando que continua sendo vendido na Europa, inclusive tendo sido anunciado o lançamento do all-new S-CROSS).
Ficamos, a partir de então, somente com o JIMNY e o SIERRA nas concessionárias. Vista a alta do dólar, falta de componentes e demais consequências da pandemia, ambos permanecem à venda hoje a preços astronômicos.
Ocorre que virou o ano, 2022, e entrou em vigor a nova legislação ambiental para veículos, a PROCONVE em sua fase 7, que trouxe importantes exigências que certamente "matarão" o antigo motor M13A (projeto de 2006, quando lançada a geração "atual" do JB43) que equipa os Jimnys.
Outro colega entusiasta da marca fez uma observação que confesso que não sabia (tampouco sei se procede). Segundo ele, a Suzuki, sempre que prestes a encerrar a produção de um carro, faz o lançamento de uma cor específica, limitada, para homenagear o modelo que sai de linha. Eis que, de fato, o Jimny acabara de ganhar uma versão limitada com a cor Marrom Laterita.
Restaria, então, única e exclusivamente o SIERRA para ser vendido. E pior: caso a exigência ambiental da PROCONVE fase 7 seja equivalente às normas atuais europeias, sabemos que também teremos problemas quanto à permanência do carro no mercado, visto que o Sierra teve sua venda interrompida na própria Europa justamente por causa de leis ambientais (sendo mantido à venda no que daria um exemplo de um típico "jeitinho de brasileiro", onde removeram os bancos traseiros para chamar de furgão, mudando de categoria e tornando o motor novamente apto à venda).
Para completar o contexto apocalíptico da marca no Brasil, já tem se observado nas concessionárias, faz alguns meses, a falta expressiva de peças de reposição, tais quais faróis, lanternas, itens de acabamento e quaisquer itens que não sejam de alta rotatividade nas revisões. Eu mesmo, recentemente, precisei de uma luz de ré para um Jimny 4Sport 2017. Só encontrei UMA NO PAÍS, em outro estado, e mandei buscar.
Quando um colega meu precisou algumas semanas depois, eis a resposta: não tem em nenhuma concessionária; não tem nem na fábrica; tem que tentar importar, sem previsão de entrega, e sequer quiseram receber o valor antecipado (indicando a incerteza quanto à chegada). Outro conhecido passou o mesmo com uma lanterna de freio do Sierra. Preço alto, sem estoque nem na fábrica, sem previsão de importação.
E mais: tenho percebido movimentação atípica nos concessionários para terminar de vender os atuais estoques em seus showrooms. Alguns colegas do ramo têm recebido telefonemas para divulgação de preços promocionais da linha 2022, tanto de Jimny quanto de Sierra, conduta incomum para um lojista ou concessionário que não tenha data para encerrar as atividades.
Eu, pessoalmente, acredito que de fato em poucos meses veremos ou novamente a saída da Suzuki do Brasil, ou a redução expressiva do número de concessionárias, talvez mantendo-se o mínimo viável somente ao fornecimento de peças e eventual manutenção do Sierra à venda (caso haja possibilidade à luz da nova legislação ambiental).
Hoje em dia, acredito que, para o Jimny e Grand Vitara, o mercado já seja "macaco velho" e saiba se virar sem a presença oficial da montadora no país. Temos um mercado paralelo forte e diversificado, bem como a internet facilitando importações de quaisquer itens mais específicos (já que, convenhamos, se dependêssemos exclusivamente das concessionárias, já estaríamos com problemas independente de saída ou não da marca do país). Me preocupo, contudo, com o "recém chegado" Sierra, bem como o New Vitara e S-Cross, que venderam relativamente pouco e talvez encontrem mais dificuldade na manutenção pelos anos que estão por vir.
Encerro essa divagação transcrevendo aqui uma matéria noticiada no Jornal Folha de São Paulo, na edição de 06 de abril de 2003, que coincidentemente ou não parece se encaixar perfeitamente ao cenário atual. Todos sabemos o que aconteceu depois.
Suzuki encerra importações, mas afirma que marca não sai do país.
A Suzuki do Brasil anunciou, na última semana, o encerramento das atividades de importação e distribuição de automóveis no país. Para tranquilizar proprietários, a empresa afirma que as autorizadas permanecem prestando assistência técnica, serviços em garantia e fornecimento de peças.
"A marca não sai do país. Paramos com a importação de veículos zero-quilômetro", diz Ricardo Pellegrini, 40, diretor de vendas e marketing. Segundo ele, o número gratuito de atendimento ao cliente continua funcionando normalmente. Pellegrini nega que a concorrência entre Grand Vitara e Chevrolet Tracker tenha contribuído para a decisão. De acordo com o diretor, os fatores determinantes foram a elevada taxa de câmbio e a alíquota de importação. "Não existe indicativo de que a importação possa se tornar viável novamente. Mas também não posso afirmar que não vá acontecer", conta o executivo. De origem japonesa, a marca deixa o Brasil após 12 anos, quando a Suzuki do Brasil Automóveis Importação e Exportação iniciou as atividades. Bem-aceita no país, ficou conhecida pelos jipes, sobretudo o Vitara e o Grand Vitara. Em 1997, por exemplo, foram vendidos mais de 4.000 carros. Em 2000, a linha foi ampliada, com o XL7, utilitário esportivo de maior porte, e o Ignis, voltado ao público mais jovem. A Suzuki faz parte da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores), bem como BMW, Ferrari, Kia, Jaguar, Maserati, Porsche e SsangYong. De acordo com Luiz Carlos Mello, 61, diretor-executivo da entidade, todas elas sofrem a mesma pressão que a marca de origem japonesa. "O problema do importado não está apenas do câmbio, mas na alíquota de importação de 35%", afirma, citando Daewoo e Daihatsu como exemplos de marcas que deixaram o país há pouco tempo. "Nossa expectativa é que o governo encare a questão de maneira menos dogmática, abrindo mais para a importação." Para o diretor, "o grande ganho de montadoras e mercado locais, que é a pressão dos importados [para o incremento tecnológico no Brasil", pode deixar de existir". "Todos estão aqui com posição firme de continuar", diz, esclarecendo que a queda de vendas de 2001 para 2002 foi de 40%. "Relutamos muito para decidir pelo encerramento de nossos negócios", lamentou o presidente da Suzuki no país, Toshio Ozawa. "Somos gratos a todos os que nos adquiriram nossos automóveis." (LUÍS PEREZ)
Agora me digam: vocês têm observado algo neste sentido? Estou imaginando coisas ou há plausibilidade nisso tudo?