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  • #1
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    Expedição "Nos Passos de Magalhães"




    Prezados parceiros,

    Um grande sonho meu, desde os tempos do ginásio, era atingir o ponto extremo do continente, Ushuaia.

    Lia as histórias sobre o navegador Fernão de Magalhães e a descoberta da passagem para o oceano pacífico e me sentia como que um participante de sua expedição.

    Hoje, juntamente com Gloriete, uma grande guerreira, começo a descrever nossa viagem pelos seguintes lugares:

    Vitória - Foz do Iguaçu - Península Valdez – Ushuaia (Parque Nacional da Terra del Fuego) - Estreito de Magalhães - Punta Arenas - Puerto Hambre - Puerto Natales – Parque Nacional Torres del Paine – El Calafate – Parque Nacional Los Glaciares – Parque Nacional Perito Moreno - Carretera Austral Chile – Fronteira Parque Nacional Los Alerces - San Carlos de Bariloche - Ruta dos Sete Lagos - Junin dos Andes - Chos Malal – Mendoza - Parque Nacional Sierra de Las Quijadas – Córdoba – Uruguaiana - Vitória.


    Desta forma, convido a cada um de vocês nos acompanharem em nossa aventura de 18.000 km aproximadamente.

    Malas fechadas, carro abastecido, vamos então para partir para o final ou o início do mundo...

  • #2
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    Diário de bordo (primeiro e segundo dias)


    Inicia-se hoje o relato de nossa aventura.

    O ideal seria fazer um blog, mas ainda não domino essa técnica e desta forma vou me valer do nosso forum onde obtive a maioria das informações para montar meu planejamento.

    Para fazer os relatos, não irei usar de nenhuma metodologia específica até mesmo porque em uma viagem você não dispõe de muito tempo e de condições ideais de transmissão de internet. A medida que as idéias forem aflorando eu irei relatando no tópico.

    Também, não obstante, ter na relação um público específico do 4x4, não vou procurar relatar tão tecnicamente as reações da Nissan. Tal procedimento será adotado para que todos venham a entender o que está acontecendo

    Pode ser que não de notícias todos os dias. Isso dever-se-á a dificuldade de internet nos locais em que estivermos hospedados.

    Mas vamos ao que interessa:


    1.o Dia:
    • Saímos de Vitória às 15h00min horas em ponto conforme previsto. O odômetro marcava 70007 km. Ao final da expedição iremos ver quantos kilometros foram percorridos.
    • Viagem até a cidade de Campos dos Goytacases muito tensa. Provavelmente este será o trecho mais perigoso da viagem. Vimos 2 acidentes nesses 240 km. Levamos 3 horas de viagem.
    • De Campos até Rio Bonito, foram mais 3 horas e ao chegar ao hotel (21h00min horas), hotel este pesquisado na Internet (Hotel Ximenes) constatamos que não era tão bom assim, mas como não tinha outro na cidade ficamos assim mesmo.
    • O hotel tem um projeto arquitetônico interessante. Deve ter sido um hotel que foi crescendo com o fluxo de negócios da região e ai foram sendo feitos anexos (puxadinhos) gerando uma série de corredores que mais parecem um labirinto do Minotauro da Ilha de Creta (Mitologia Grega). Para vocês terem uma idéia, em nossas andanças pelo labirinto, entre o restaurante e o quarto, encontramos uma velhinha que já estava perdida há 3 dias procurando a recepção.
    • Primeiro dia e já desisti de fazer cálculos de consumo. A Nissan está fazendo 10 km por litro na estrada e não vou ficar fazendo contas. Vou preferir tirar o pé quando sentir algum consumo em excesso.
    • Hoje rodamos 457 km. Para quem conhece o trecho Vitória - Rio terá a noção da dificuldade em dirigir em uma sexta feira a tarde com um calor de rachar.
    • Última consideração desse dia: Certa feita comprei um par de óculos com lentes amarelas (acredito que polarizadas) que a Gloriete deveria utilizar para pescar. Ela nunca usou tais óculos. Muito bem: Ouvi na televisão uma reportagem a respeito desses óculos e nesse primeiro dia de viagem utilizei para melhorar a visão na hora do “lusco-fusco”. Simplesmente FANTÁSTICO. Utilizei inclusive no segundo dia. No entardecer realça a luminosidade e a noite os faróis contrários não ofuscam.


    2.o Dia
    • Acordei mais velho. Hoje faço 60 anos de idade e já não preciso entrar mais em filas de banco, supermercado, etc.
    • Saímos cedo da cidade de Rio Bonito e nossa primeira parada foi para colocar diesel no posto do Aeroporto do Rio de Janeiro. Coloquei o diesel podium. Que diferença.
    • Nossa segunda parada foi num dos restaurantes de Rede Graal a beira da estrada. Tudo muito limpo, muito bonito e muito caro para os padrões do E. Santo.
    • Em recente visita do Dalai Lama ao Brasil, o Frei Leonardo Boof perguntou ao mesmo qual era a melhor religião esperando obviamente que ele responde-se que era uma das religiões orientais. O Dalai Lama sentindo então a intenção da pergunta em gerar polêmica respondeu que a melhor religião era aquela que te aproximava mais de Deus e do seu próximo.
    • O parágrafo anterior é para relatar que com grande alegria estive no Santuário de Aparecida do Norte. Isso já é praxe em minha viagem, e desta forma se sinto mais protegido nas estradas. Se for psicológico ou religioso não sei, mas que me sinto mais seguro me sinto.
    • As estradas de Rio Bonito (RJ) até Ourinhos (SP) são em pista dupla. Isso faz o carro render bastante. Conseguimos chegar a Cornélio Procópio no Paraná e se tivéssemos parado tanto por razões diversas teríamos chegado a Londrina com folga. Rodamos hoje 989 km
    • Proteção de Deus é proteção. Repetiu-se ontem o milagre da abertura das águas do Mar Vermelho. Todos sabem que em São Paulo e Paraná as tempestades têm sido bastante violentas. Durante a viagem, principalmente na Rodovia Castelo Branco, víamos nuvens tipo cúmulus ninbus se formando, chuvas torrenciais caindo ao longe (manchas negras do céu até a terra) e passávamos incólumes pelo meio das torrentes. Pegamos até uma mínima chuva como que para tirar o pó do carro. Chegamos ao hotel, fizemos o check in e o temporal desabou.
    • Como tem pedágio no Paraná. Alias, a nossa maior despesa até agora, foi com pedágios.
    • Estamos escrevendo do Hotel Midas em Cornélio Procópio. Excelente custo benefício, localização excelente, ficamos aqui ano passado, tudo ótimo e recomendo o mesmo. Sua home Page é www.hotelmidas.com.br .
    • Como velho dorme pouco, são 4 horas da manhã, a viagem está no planejado e vou descansar um pouco e reunir forças para os 600 km até Foz do Iguaçu amanhã.
    Continua no próximo dia ...

  • #3
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    Ramalho que bom ter noticias suas, você está de parabéns pelos dois primeiros dias...
    []'s
    GUSTAVO MATOSO.'.
    "É CERTO QUE NÃO PASSO DE UM VIAJANTE,UM APRENDIZ,UM PEREGRINO NESTA TERRA! MAS E VÓS SOIS MAIS?"

  • #4
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    RELATÓRIO TERCEIRO DIA

    Data: 29 de novembro

    Rodamos hoje 600 km para chegar a Foz do Iguaçu. As condições do tempo continuam favoráveis e estamos chegando sempre 12 horas depois da chuva.

    O que mais vimos neste trecho de viagem, são plantações com predomínio da soja, praças de pedágio e postos de fiscalização de Patrulhas Rodoviárias (federal e estadual).

    Com relação às plantações realmente o estado do Paraná parece ser o celeiro do Brasil. Não conheço ainda os estados de Mato Grosso e Goiás e desta forma o Paraná tem o meu voto.

    Passei por muitos postos da Patrulha Rodoviária. Vi apenas 3 guardas fora das guaritas. Como o calor está muito forte pode ser esta a razão na reclusão dos guardas em suas cabines, pois o ambiente interno deve ter ar condicionado. Isso pode ser um facilitador para o tráfico de armas para o Rio de Janeiro. Quem sabe se a solução do problema das armas no RJ não seja o ar condicionado das cabines ??? Será que não descobrimos a solução !!!

    Falemos agora dos pedágios. São muitos !!! Se você quiser visitar sua tia na cidade vizinha vai gastar pelo menos 40,00 de pedágio (ida e volta).

    Comecei a reparar que as estradas no Paraná estavam muito cheias próximo das cidades e vazias após os postos e entre elas. Ou seja, os habitantes ficam ilhados em suas regiões. Clubes de campo são criados no seu entorno (antes do pedágio) e como conseqüência uma menor circulação de veículos nas estradas ocasionando menos desastres, menos desgaste nas estradas, menos custo de manutenção, ou seja maior economia.

    Grande solução para conter custos, pois as cidades crescerão até o limite dos pedágios e não se tornarão grandes metrópoles com seus respectivos problemas.

    Fechando esse tema: Não sou contra os pedágios, sou contra o excesso de pedágio sem uma contrapartida racional.

    Em Foz estamos no já conhecido Hotel 3 Fronteiras, bem localizado, próprio para um turismo de custo mediano, boas instalações. Recomendo. O proprietário chama-se Sr. Nelson e pode falar que veio por indicação Ramalho do grupo do 4x4 e pedir desconto.

    À noite jantamos com Pato de Foz, pessoa fantástica e criador de facilitadores na região para todos os amigos do off - road. Sua esposa Marcela extremamente simpática também.
    Conversamos de tudo e até mesmo de futebol sem brigar (Pato é Argentino).

    Amanhã vamos ao Paraguai comprar uns bombons somente e de noite mando notícias.

    Abraços a todos e principalmente a família da Gloriete (trocentas pessoas)




    RELATÓRIO QUARTO DIA

    Data: 30 de novembro

    Antes de nosso relato diário, deixe-nos colocar alguns pontos:
    • Muitos nos têm enviado mensagens de boas vindas e de apoio. Como serão pelo menos 38 dias de viagem, creio que lá pelo décimo dia já terei umas 7000 mensagens de e.mail. Quero deixar claro que bastam apenas umas 2 mensagens por semana e se eu não responder a todas, pelo menos tenham certeza que irei ler todas. Entretanto não deixem de enviar mensagens (pelo amor de Deus), pois fica a certeza que cada um de vocês está além de rezando, torcendo por nós.
    • Em viagens dessa natureza, emoções afloram. Você e seu parceiro terão que ter uma estrutura psicológica muito grande para que humores não estraguem o dia. Quem já fez algo parecido favor confirmar. Talvez por isso seja que Almir Klink tenha feito a maioria das viagens sozinho. Independente disso vou tentar relatar transparentemente, dia após dia as condições do “moral índex” do grupo. Resumo da ópera: Geralmente as pessoas só vêem as pingas que eu tomo e não sabem os tombos que eu levo. Vocês, entretanto, irão participar de nossas alegrias e tensões do dia a dia.
    • Com relação a despesas, tenho reparado que na fase inicial das viagens, sempre se gasta mais que o planejado. Também não sei se é porque estamos no Brasil e aqui tudo é mais caro. Passamos a separar bolinhos de dinheiro para cada dia. Vamos ver se esta estratégia vai dar certo.

    Vamos então ao que interessa:
    • Finalmente ontem viemos a conhecer o que é uma tempestade tropical. Da varanda do hotel (meus filhos já estiveram aqui) vimos o horizonte se toldar de negro, um vento fortíssimo vindo do sul e de repente caiu uma água como eu nunca vi. Se a chuva que caiu ontem pela manhã aqui caísse em Vitória, metade da cidade em suas encostas seria destruída. Parece, entretanto que a população convive bem com isso, pois é uma forma de aliviar o calor.
    • Debaixo desse pé d’água fomos tentar cumprir nossa agenda de compras do Paraguai. Desnecessário dizer o que passamos com a chuva torrencial, excesso de gente nas calles devido a compras natalinas, lojas cheias, sujeira acumulada nas ruas descendo em função das águas, etc. Resumo: Compras no Paraguai nunca mais (talvez ano que vem quem sabe !!!)
    • À tarde a chuva passou e fomos fazer cambio na Argentina. Pato de Foz nos levou as lojas conhecidas, mas o melhor preço conseguido, por incrível que pareça, ainda foi no Free- Shop da fronteira. Este é o terceiro ano que tenho o mesmo resultado.
    • Deixei de mencionar que ao sair de Vitória, troquei o óleo do carro. Sempre usei o Ursa Tdx. Como a Ipiranga comprou a Texaco, o óleo disponível passou a ser o Ipiranga. Coloquei o mesmo contra a vontade. Pode ser impressão minha, mas se eu ontem não tivesse comprado o aditivo da Molikote lá em Puerto Iguazu eu não chegaria a Ushuaia. Esse óleo da Ipiranga e suficiente para o dia a dia dentro de uma cidade e pequenas viagens até Guarapari. Ficar com um motor rodando, mais de 8 horas por dia em regime alto ele não guenta não.
    • De noite, o que era para ser apenas um aperto de mão de despedidas, pois teríamos que dormir cedo para viajar no dia seguinte se transformou um jantar de despedida de Foz do Iguaçu. Se eu encontar uns 3 Pato de Foz pelo caminho vou comprometer minha programação.
    • Estou tomando 4 remédios somente: O do coração que Gloriete me obriga. Um redoxon por dia, geralmente na parte da tarde, para dar um “plus” nas energias, um remédio chamado Leucogem que o André me deu uns comprimidos para melhorar as defesas e o tradicional sal de frutas depois de um jantar tipo Pato de Foz.
    • Iremos atrasar nossa partida em algumas horas amanhã, pois Gloriete pediu um refresco de mais umas 2 horas de sono e como a Argentina não está em horário de verão tudo bem.
    • Recordando o que aprendemos na escola, quando mais ao sul e a oeste o sol vai se pondo mais tarde. Ontem por exemplo às 20h30min horas ainda estava claro.

    Por hoje é só, e espero que lá em Goya (Argentina), tenhamos wi-fi no hotel.

    Abraço a todos e principalmente aos parceiros do 4x4.







  • #5
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    RELATÓRIO QUINTO DIA

    Data: 01 de dezembro

    Um dia de cão:

    Sabe aquele dia que ao final do mesmo você se pergunta o que está fazendo ali. Bem esse foi um dia daqueles ...

    Considerando entretanto que o nosso trato é de relatar tudo e de ser o mais transparente nas alegrias e decepções, vamos ao nosso diário de bordo:

    Devido a problemas de logística tivemos que retornar ao Paraguai hoje pela manhã, só retornando ao Brasil após o almoço.

    Desta forma só conseguimos atravessar a fronteira às 2 da tarde, o que iniciou o comprometimento do sucesso de nosso dia, visto que eu teria que modificar o ritmo da viagem e me obrigaria a entrar dirigindo pela noite a dentro para atingir o objetivo traçado.

    Os trâmites de entrada na fronteira da Argentina são muito simples. Nem passaporte é exigido. Muitos controles de edifícios em Vitória são mais rígidos. Entretanto ao passar pelo carimbador de passaporte e já me sentir em território argentino, fui indagado pelo próximo elemento para onde estava indo na Argentina.

    O inocente aqui, com sua NISSAN AMARELA, cheia de adesivos, mais enfeitada que um burro de cigano encheu a boca e falou: Tierra del Fuego, Ushuaia.

    Talvez até movido pela inveja, o funcionário mandou então que eu me dirigisse para um setor à parte, onde a Nissan seria examinada para controle de bagagem. Esse procedimento não usual é usado para examinar autos suspeitos de contrabando ou trafico de drogas ou armas. Cabe ser ressaltado, que armas e tóxicos atravessam com toda segurança e entram na Argentina alguns kilometros rio abaixo.

    Dirigimo-nos para o local indicado e estacionamos a Nissan em um lugar parecendo um lavador de carros. Um funcionário entrou debaixo da Nissan e fingiu examinar algumas peças chaves onde poderia estar escondido o suposto contrabando.

    Lá embaixo devia estar sujo e quente e o mesmo deu algumas pancadas não sei aonde (só escutei os batidos) e voltou então para a superfície.

    Pediu então para abrir a tampa e ao tocar na bagagem, a primeira coisa que pulou para cima dele, como uma mola daquelas caixas que tem uma cobra ou um palhaço dentro, foi um colchão que a Gloriete tinha conseguido enfiar num espaço pequeno demais para ele. Contivemos o riso para não constrangê-lo.

    Com o susto ele reclamou do seu colega e falou que a revista estava ok e que eu e Gloriete não tínhamos o perfil de traficantes e poderíamos iniciar finalmente a nossa viagem.

    Tudo bem, mas isso atrasou mais uns 20 minutos. Aprendi também que quando perguntarem para onde vou, vou dizer e tenho procedido assim e falo que estou de férias e estou indo para a próxima cidade mais importante visitar um amigo que está me aguardando.

    Só vou falar em Ushuaia só depois de cruzar o Estreito de Magalhães. Tal procedimento para mim é fácil, visto que tenho todo o trecho na cabeça e muitos amigos na Argentina.

    Após 30 e poucos kilometros passamos no primeiro posto de controle caminero e já usei a técnica informando que iria pescar em Goya (estou levando material de pesca para pescar na Patagônia).

    Primeiro assalto oficial na Argentina: Uns 4 km após o primeiro pedágio (preços irrisórios para uma conservação de estradas excelente) fui surpreendido por uma sirene de um carro policial que me mandou parar. Obedeci por que estava tudo certo com o veículo.

    Foi iniciado então o teatrinho. Um faz o papel de bad boy e fica dentro no carro com a cara amarrada fingindo que consulta um computador e o outro faz a negociação com um código de transito já marcado com alguns X que é para confundir os brasileiros que não sabem ler em espanhol nem consultar códigos.

    Te apresenta inicialmente uma multa de quase 1800 pesos por ter supostamente ultrapassado um carro em uma curva (estrada estava deserta) e diz que o auto seria apreendido.

    Obviamente por ser advogado e estar familiarizado com códigos bem como ler em espanhol você entra no teatro e consegue você sugere que o guarda preste esse favor a você, procedimento esse aceito. Resultado: 20 minutos de negociação e um prejuízo de 100 pesos (Uns 46 reais).

    Cabe finalmente ser ressaltado que os assaltantes (policiais) estavam sem a sua tarjeta de identificação o que dificultaria qualquer futuro reconhecimento.

    Segundo assalto oficial na Argentina: Revoltado com o constrangimento sofrido, não pelo montante em dinheiro, mas pela impotência diante da situação continuamos viagem. Após alguns kilometros chegamos a Posadas, atravessamos a cidade bem tranqüilos e pegamos novamente a ruta.

    Fomos então abordados por mais 2 jovens policiais que nos informaram que havia uma denúncia de que tínhamos atravessado a cidade em alta velocidade. Outra negociação e Gloriete falou para os meninos que não éramos mais tão jovens para fazer esse tipo de coisa.

    Dez minutos de negociação e 46 pesos de prejuízo. ´

    É claro que por 30 segundos pensei em voltar para casa e abortar a viagem. Mas isso não é praxe da polícia argentina, pois neste momento que escrevo já estamos em Rosário, onde passamos por mais de 10 postos de controle sem o menor problema.

    Só sinto que os 4 policiais envolvidos não tinham mais que 25 a 30 anos, e é triste ver uma juventude praticando atos desta natureza quando deveriam estar prestando um serviço a comunidade.

    A viagem continua:

    Peguei então o GPS, cravei em torno de 78 km por hora por 20 minutos e desliguei o GPS. Essa estratégia seria uma prova de excesso de velocidade no próximo assalto que espero que não ocorra mais.

    Muito bem, a previsão da viagem estourou de vez com a chegada da noite e estávamos em plena região do Ibera (estrada deserta) a quase 300 km do destino previsto.


    Entramos então numa pequena vila agrícola denominada San Miguel e incrível, tinha uma pequena estalagem em que abriga peões de gado e pessoal do campo em serviço.

    Que acolhida, parecia aquelas pousadas do pantanal com o pessoal se reunindo a noite no pátio para contar os causos.

    É claro que contei umas mentiras também. Eles contaram sobre os ataques dos jacarés e ariranhas aos animais e cavaleiros nos alagados e eu contei sobre os ataques dos terríveis tubarões brancos nas costas do E. Santo. Acredito que muitos foram dormir sobressaltados.

    Ao falar sobre o mar e de terras tão distantes, coisa que será muito difícil eles conhecerem, senti que muitos viajavam em suas imaginações

    Boa comida, bom papo, pessoas simples e trabalhadoras e cada um com seu cachorro pantaneiro que ficavam disputando os restos de um assado e depois foram dormir junto ao alpendre das portas dos quartos de cada um.

    Incrível como cães tão ferozes em sua lida diária eram tão pacíficos em uma disputa por alimento respeitando os outros cães mais fracos, pois geralmente trabalham em equipe no pastoreio do gado.

    O nome do que podemos chamar de pousada é: COMEDOR HOSPEDAGE IBERRA. A dona é Sra. Liliana, seu marido Hector da o suporte e a cozinheira Jéssica é que pega no pesado. O valor da diária é 50 pesos por persona com aire condicionado, televisão (ligar para que se o papo rola no pátio) e água caliente (outro desperdício).

    Cabe ser ressaltado que esses animais são cães de grande porte e trabalham a maior parte do dia quase que semi submersos ou nadando nos esteros mantendo a ordem no gado.

    Um abraço ao Fedozzi do grupo da Epcar que está repassando aos parceiros de nossa juventude.

  • #6
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    RELATÓRIO SEXTO DIA

    Data: 02 de dezembro – Quarta feira - Miercoles

    Levantamos muito cedo e saímos às 04h00min da manhã para tentar recuperar o tempo perdido no dia anterior.

    Mesmo sendo madrugada já existia algum movimento do quarto dos peões que se aprontavam para a lida.

    Os cachorros deitados na varanda em frente às portas estavam sonolentos, e não entendiam como que aquelas pessoas exóticas (nós), estávamos partindo sem as botas e as vestimentas tradicionais do campo. Aquele trator amarelo ( Nissan), todo fechado, era diferente e fazia menos barulho.

    Partimos então... As próximas cidades, digo pequenas vilas, que passamos até o nascer do sol, já tinham um movimento de pessoas aguardando, provavelmente, a condução ou ônibus que os levariam para a faina do campo. Eram como que os nossos bóias frias. A temperatura no dia anterior tinha chegado aos 36 graus e agora na madrugada não passava de 14 graus. Fico imaginando o frio que eles devem passar no inverno.

    Atravessamos a região dos esteros. Estava tudo inundado, e ao amanhecer começamos a verificar os estragos causados pelos ventos principalmente próximo das cidades de Goya e Esquina.

    Grandes árvores arrancadas como que gigantes que tombaram em um campo de batalha contra a natureza. Muitos outdoors que pareciam folhas de papel de embrulho estavam retorcidos, pois o vento nessas campinas não tem obstáculo a sua passagem.

    A partir da cidade de Goya até próximo a cidade de Paraná pegamos muita chuva e que chuva !!! Não sei precisar a velocidade das rajadas do vento, mas fazia a Nissan balançar toda. Rodamos muito tempo em 4.a marcha, a baixa velocidade, (60 km).

    Chegamos à cidade de Paraná e tentamos encontrar um amigo. Não tivemos sucesso, pois existe um costume por aqui do horário da siesta e o comércio fecha abrindo somente após as 4 horas da tarde.

    Atravessamos a fantástica obra de engenharia que o túnel sob Rio Paraná ligando as cidades de Paraná e Santa Fé e continuamos viagem.

    Eu e Gloriete chegamos à conclusão que regras na nossa idade são para serem quebradas e mesmo tendo combinado que iríamos só lanchar durante o dia paramos para almoçar.

    Vocês não vão acreditar: O restaurante estava fechado para almoço. Só iria funcionar novamente depois da hora da siesta, entretanto havia um casal que aparentemente teria sido o último cliente da parte da manhã.

    O cliente que depois ficou sendo mais um amigo conquistado nessa viagem era nada mais nada menos que o Secretário de Segurança da Província de Santa Fé. Registro também que o dono do restaurante era extremamente simpático.

    Imaginem então o tratamento vip ... O prato escolhido foi o rodízio de peixe (não agüentamos chegar ao final) o qual custou 29 pesos por pessoa. Lamentamos também não ter podido levar o último prato para viagem, pois não tínhamos como fazer.

    No E. Santo tem peixe de excelente qualidade, mas a variedade que comemos era de rio e com sabor diferente.

    Chegamos a Rosário ao final da tarde e Paulo, filho de Pato de Foz, já nos aguardava no final da autopista.

    Amanhã vou escrever sobre a cidade de Rosário e seu povo, mas neste momento estamos hospedados na casa de Paulo. Estamos nos sentindo como se estívéssemos em nossa própria casa.

    Gostaria de registrar que a visão do Rio Paraná, observada do décimo quarto andar, na varanda do apartamento é simplesmente fantástica. A lua cheia e amanhã o sol nascerão a leste (a muito tempo que é assim) e vou ficar contemplando.

    Por hoje é só e estamos bem. O dia foi muito bom.

    Meu abraço vai para os parceiros Antônio e Francisco da Teccom 10 e Henrique Caldas do remapeamento do Chip.

    Saudades do Marquinhos e André (filhos).













  • #7
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    RELATÓRIO SÉTIMO DIA

    Data: 03 de dezembro – Quinta Feira - Jueves

    Nada como estar em uma cidade acompanhado por uma pessoa local.

    Na noite anterior recebemos a visita de 2 amigos de Paulo para cenar.

    Como o Argentino gosta de carro !!! Conversamos por mais de 3 horas sobre motores, chips, trilhas off-road, travessias, etc. Argentino gosta mais de seu auto que sua própria esposa.

    Antes do jantar, combinamos que não iríamos conversar sobre futebol, política e religião, pois dessa forma a conversação seria mais proveitosa e inteligente.

    Entretanto não me contive quando eles começaram a elogiar o grande líder latino americano, o Sr. Lula da Silva. Com fatos e argumentos, consegui convencer que a Sra. Cristina Kirchiner é simplesmente uma amadora infantil perto das tramóias de nosso “cumpanheiro”.

    Imaginei que somente a maioria da imprensa brasileira estivesse comprometida, mas me enganei. O jornal O Clarin aqui se encontra na “folha de incentivos”.

    A cidade de Rosário é linda. Situada nas margens do Rio Paraná, com sua costanera, deve ter uns 1 milhão e meio de habitantes com um transito equivalente a uma cidade de uns 200 mil habitantes.

    Tudo flui com um transito tranqüilo e tudo é muito lindo com muitos parques e arborização nas ruas. A limpeza se faz presente. Poucos semáforos nos cruzamentos e vence quem for maior e que colocar o bico do carro primeiro, mas sem constrangimento das partes e sem agressões. Isso que é um povo educado no transito.

    Obviamente não fomos a nenhum Shopping Center, mas passamos por um externamente, e o mesmo teria uma área duas vezes maior que o de o Shopping Vitória com uma arquitetura lindíssima.

    Aproveitamos para trocar óleo da Nissan, Paulo fez um tour pela cidade e a noite fomos recebidos pelo grupo PASSION 4X4 ROSÁRIO para jantar.

    Para descrever o jantar, a receptividade do grupo 4x4, os costumes locais, a qualidade do peixe servido, etc, seria necessário como que um capítulo inteiro. Vou então apenas colocar alguns pontos:
    • O restaurante era na beira do rio em um lugar em Rosário que lembra muito as características do Porto Madero de Buenos Aires.
    • Tinham uns 40 homens e umas 8 esposas, sentadas obviamente na mesma mesa, muito comprida, mas em uma extremidade conversando obviamente sobre assuntos de mulheres.
    • Nunca fomos tão beijados ... É costume por aqui até os homens se beijarem no rosto.
    • Gloriete depois de uma taça de vinho (uma só) me surpreendeu conversando em espanhol fluente (pasmem senhores !!!)
    • Esse restaurante é diferente. Ele só fornece as instalações, inclusive a cozinha. As pessoas trazem seus apetrechos (tábuas onde se põe os peixes, pratos, garfos e facas), sua bebida, sua sobremesa, e principalmente seu chef (cozinheiro) que se prestar um bom serviço é saudado por todos ao final da festa com muita honraria. Eu mesmo ao final da festa compareci a cozinha para cumprir a ritualística.
    • Como não sabia como funcionava a coisa, e como gosto também de carne, fui a uma das cozinhas e fui servido por um outro grupo que festejava também,
    • De repente passei a participar de uma outra festa dentro da mesma festa, pois todos queriam conversar com aquele casal exótico que vinham de tão longe.
    • Cabe ser ressaltado que a outra festa era uma festa de encerramento de um grupo de um curso de português (já imaginaram !!!)
    • Vou parar por aqui, mas até um discurso final eu improvisei para umas 70 pessoas.
    • Houve também um sorteio onde foram sorteados os seguintes brindes (simbólicos): Pacote de Café Pilão – Uma garrafa de Ipioca série ouro – CDs com músicas brasileiras (coletânea preparada na Internet), aditivo para óleo diesel TECCON 10 – Uma garrafa de suco de caju – e o que fez o maior sucesso – Guaraná em pó, que correu a boca miúda que era afrodisíaco.
    • Fechando esse assunto, foi uma das maiores homenagens que recebi em minha vida. Não pela quantidade, mas pelo sentimento. Talvez eu não me lembre de todos os nomes das pessoas que estavam presentes, mas nunca mais esquecerei o carinho.

    Um grande dia e uma bela festa de aniversário.

    Um grande abraço para o Helder e o grupo dos viajantes capitaneado pelo Jeisonk.

    Amanhã partimos para a cidade de AZUL.


    RELATÓRIO OITAVO DIA

    Data: 04 de dezembro – Sexta Feira - Viernes

    Um dia de surpresas:

    A festa de ontem foi muito boa e foi difícil sair da cama hoje pela manhã. Em uma viagem dessa natureza é necessário muita disciplina para manter os objetivos traçados e estamos chegando à conclusão que os hermanos argentinos estão conspirando para nos atrasar.

    A previsão era sair às 08:00 horas e só pegamos a auto pista em direção a AZUL às 10:00 horas.

    A passagem por Azul não estava prevista originalmente no roteiro, mas existia um convite de Luis, pertencente ao Club Nissan Argentina e resolvemos mudar nossos planos.

    Viajamos por mais de 500 km através de estradas secundárias de boa qualidade, passando por campos de cultura variados ou de criação de gado ou cordeiro.

    Aliás, estamos viajando já há alguns dias comprovando que a Argentina assim como o Brasil poderiam alimentar todo o mundo em suas terras. É uma pena que os políticos não colaborem.

    Como tudo aqui é plano, já próximo de Azul (uns 20 km), começamos a divisar edifícios muitos altos contrastando com a imensidão do pampa.

    Azul é uma cidade de uns 60 mil habitantes, mas com uma estrutura e uma qualidade de vida para seus habitantes que deixam muitas das capitais brasileiras no chinelo. Têm praças, parques públicos, teatros, cinemas, ruas limpas, etc.

    Luis nosso anfitrião, fez um tour e destacamos a catedral da cidade, o museu de Cervantes, o museu local e o parque municipal e um clube chamado Club de Remo com instalações simplesmente fantásticas em quase 10 hectares de área.

    Nossa dúvida é quem foi mais simpático. Se Luis ou sua esposa Mariana. Ao final do tour, jantamos em sua casa e os mesmos insistiram para que pernoitássemos em sua casa. Entretanto preferimos nos hospedar no hotel Los Tidos (150 pesos) onde ficaríamos mais a vontade.

    O jantar só terminou à meia noite e sinto que realmente existe uma conspiração dos argentinos para atrasar nossa viagem.

    Amanhã vamos viajar até onde der, mas o objetivo de chegar a Península Valdez já está comprometido.

    Estamos tendo dificuldade em conseguir internet para enviar notícias.

    Um abraço a todos e façam uma oração por nós ...











  • #8
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    RELATÓRIO NONO DIA

    Data: 05 de dezembro – Sábado - Sábado

    De volta ao circuito programado:

    Conforme tínhamos mencionado em relatório passado, tínhamos feito um desvio de rota e conhecido a cidade de AZUL. Com isso atrasamos nossa viagem em 1 dia, mas o motivo foi justo. O que lamentamos e que nessa viagem estamos encontrando pessoas interessantes e não estamos podendo dedicar um tempo maior as mesmas.

    Saímos da cidade de Azul bem cedo e sem ter a chance de nos despedir de Luis e Mariana. Continuamos nossa viagem atravessando plantações e mais plantações até chegar a um lugar chamado Serra de La Ventana onde a paisagem se transformou de campos de cultivo para uma vegetação mais rala.

    Tínhamos também mencionado em um relatório anterior, sobre a chuva que enfrentamos lá nos Esteros do Ibera.

    Muito bem !!! Aquela chuva se comparada à chuva que pegamos da Serra das Ventanas até a cidade de Bahia Blanca poderia ser considerada uma garoa. O volume de água que caia era semelhante a um daqueles lava jato automático onde aquelas máquinas fazem o serviço de lavagem do veículo.

    No meu tempo de Aeronáutica, tinha um ditado que dizia que o militar deveria ser insensível ao tempo para suportar situações adversas. Gostaria então de acrescentar que alem do militar, o viajante, principalmente viajando pela Patagônia, também deverá ter esse perfil.

    Não bastasse a chuva torrencial enfrentada até a cidade de Bahia Blanca, após esta cidade, na estrada em direção a cidade de Rio Colorado, enfrentamos situação inversa.

    Como a região começa a ficar bastante seca, fomos contemplados com uma tempestade de poeira por quase meia hora. Parecia com uma daquelas tempestades que vemos ocorrer lá China ou no Oriente Médio e passam no noticiário.

    Chegamos a Rio Colorado e nos hospedamos no Hotel Sasso (150 pesos). Esta cidade é um ponto de passagem de várias direções e a disponibilidade de hotéis é muito boa.a

    Amanhã vamos para a Península Valdez,

    Um abraço especial para o Rômulo.




    RELATÓRIO DÉCIMO DIA

    Data: 06 de dezembro – Domingo - Domingo

    Notícias diversas:

    Vendo uma barraca marca Trilhas e Rumos para 3 pessoas, na cor verde exército, nunca usada. Acompanha os “specs” originais e “specs” especiais para utilizar em areia e para ventos acima de 100 km.

    Este anúncio da venda da barraca deverá ser o anúncio que vou colocar no jornal a Gazeta quando chegar a Vitória.

    Nossa previsão era ou continua sendo a de acampar algumas vezes durante a viagem. Estão ou estavam previstos 8 acampamentos como que para “curtir” uma situação diferente ou até economizar algum dinheiro, o que não está ocorrendo, visto que temos até dado um pouco de sorte na obtenção de alojamento em hotéis e cabanas sob um preço aceitável.

    O diesel melhor na Argentina parece ser o V Power da Shell. O preço é mais elevado, mas rende mais (de 3.299 a 3.249 pesos).

    Depois vem o diesel da Petrobras (entre 2.499 e 2.699) e por final o diesel da YPF (mesma faixa de preço).

    Façam então a matemática financeira com base no Real valendo 2.12 pesos e vejam como pagamos caro o diesel no Brasil. Parece também que não existe muita diferença de preços entre diesel e gasolina por aqui.

    Dizem que o preço dos combustíveis decresce de valor após uma determinada latitude. Ainda não tive oportunidade de comprovar isso. Assim que tiver a informação informo nos e.mails a partir de que ponto isso ocorre.

    A Nissan continua fazendo a média de 10 a 11 km por litro apesar de estarmos usando Teccom 10. Eu também deveria ter solicitado que o Henrique Caldas que fizesse uns ajustes no remapeamento para tirar um pouco da potência da Nissan e talvez ficar mais econômica, pois aqui o único esforço que a mesma está fazendo e vencer os ventos.

    Estamos tendo a impressão de que estamos ou vamos gastar acima do previsto. Como vocês são nossos amigos abrimos a “suposta” planilha de despesas para vocês para que façam um idéia dos custos de um empreitada dessa natureza.

    Tínhamos estimado gastar 140 dólares diários incluindo combustível, hospedagem comida, gastos extras, lembrancinhas, etc. Queremos deixar claro que não somos turistas e sim viajantes e valorizamos mais uma troca cultural do que o luxo desnecessário que não vamos usurfruir.

    Este valor, com um cambio (por baixo) a 3.75 dariam 510 pesos por dia. Separamos então bolinhos de 500 pesos e estamos tentando trabalhar nesse patamar de despesas.
    Antes de chegar na Península Valdez, passamos em San Antônio do Oeste e conhecemos em um lugar chamado Las Grutas. Lugar interessante com formações rochosas formando grutas a beira mar. Não é tão indo, apenas diferente e vale a pena parar e gastar 1 hora para conhecer e seguir viagem.

    Devo alertar entretanto, que quando faço considerações subjetivas sobre um lugar, dizendo se é bonito ou feio, não deve ser levado ao pé da letra pois são considerações pessoais apenas.

    Chegamos aqui na Península Valdez e nos alojamos na vila de Puerto Pirâmides em uma cabana denominada Cabanas Cristal (180 pesos – até agora o hotel mais caro).

    A cabana até tem um custo benefício bom, mas não é lá essas coisas em estrutura externa. Dá para se hospedar, é limpinha, mas nada além disso. Seria uma opção econômica de hospedagem. Não encontramos nenhum brasileiro até agora, mas o que tem de europeu por aqui enche a cidade.

    Fizemos compras de alimentos no comércio local e Gloriete fez nosso primeiro jantar com jeitinho de Brasil. Dois big bifes, arroz e salada de tomate e uma garrafa de vinho. A carne argentina realmente é diferente. Ficou tudo por 38 pesos de custo. Desta forma dá então para economizar, mas não sei se compensa. É mais como que fosse uma curtição de sentir que estamos comendo em uma casa.

    Na entrada da Península Valdez é cobrada uma taxa de admissão de 45 pesos para estrangeiros. O valor para argentinos é 10 pesos e para os moradores da província o valor é de 3 pesos. Até entendo que tenha que deva ter uma diferença, mas nem tanto, pois a economia local é feita 100% por visitantes de outros países ...

    Aqui é como san Pedro de Atacama onde toda a população de uma forma ou de outra trabalha com turismo.

    Estamos viajando na ruta em uma velocidade entre 90 e 110 km por hora. Como são retas intermináveis e a paisagem é muito repetitiva, a estrada se torna hipnótica e dá muito sono. A impressão que se tem, até mesmo em função do fortes ventos, é que você está em um barco navegando no mar tentando manter uma trajetória reta.

    A solução tem sido conversar bastante e comer cereja e outras frutas o tempo todo. Enquanto você está comendo está se distraindo e não dorme.

    Estou parando sempre que posso e colocando combustível. Não que tenha necessidade, mas é uma estratégia para espantar o sono.

    A vila de Puerto Pirâmides e muito pequena e aqui tudo é difícil e muito caro até mesmo porque sendo um final de linha os produtos tem dificuldade em chegar ao consumidor final.

    Aqui seria como Fernando de Noronha. Tem tantas pousadas que acredito que na baixa temporada uns moradores alojam os outros e vice versa, para sentir algum movimento em seus estabelecimentos.

    Amanhã vamos dar um giro pela Península Valdez.

  • #9
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    RELATÓRIO DIA 11.

    Data: 07 de dezembro – Segunda feira – Lunes

    Fizemos o circuito total pela península. Foram 240 km passando por lugares fantásticos. O mar é de uma cor verde incrível. É claro que conheço “trocentos” lugares no Brasil até mais bonitos que aqui, mas trata-se de uma beleza diferente.

    Eu tinha reclamado sob o valor da entrada de 45 pesos por pessoa. Depois que visitei a península minha opinião mudou e acho que está de graça pelo que eu presenciei, principalmente com relação a fauna e a flora.

    Como o argentino e o brasileiro não sabem trabalhar muito o que tem de bonito, o turismo aqui ainda está mediano. Se essa península fosse no Chile iria ter no mínimo um aeroporto internacional.

    Vimos nos caminhos de rípio cordeiros, emas, um animal que lembra uma lhama e um sem número de pássaros variados.

    Nas pontas delgada e norte, bem como no trajeto que margeia o mar, lobos marinhos, elefantes marinhos que ficam na praia tomando sol e pingüins.

    Como os animais sabem que o homem não é seu predador nem se incomodam com nossa presença. Fiquei a menos de meio metro dos pingüins e continuavam chocando os ovos como nada os aborrecesse. Impressionante como o pingüim nem se preocupa vom você. Sua maior preocupação é com o ovo que geralmente é chocado por um ou pelo outro.

    Dizem que o pingüim escolhe sua parceira e permanece com a mesma por toda uma vida. Não tenho como comprovar, mas a voz do povo é a voz de Deus.

    Na Ponta Norte é onde são filmados os ataques das orcas aos elefantes marinhos em plena areia. Como a equipe da Discovery Channel e Animal Planet só vai chegar semana que vem, ainda reinava a paz entre os animais.

    Conheci o que é dirigir no rípio pela primeira vez, ou nos diversos tipos de rípio que encontrei pelo trajeto.

    Tem uns tipos em que você pode dirigir até uns 80 km com segurança sem usar tração, mas existem outros que você não deve passar de 60 Km e mesmo assim utilizando tração 4X4 atrelada. É incrível como o carro samba. Não sei como é lá para baixo e como será na Rota 40, mas foi um bom treino de 240 km.

    Vamos ter que repetir o jantar de ontem ( bife com 3 cm de espessura) mas tudo bem.

    Em Comodoro Rivadávia acho que vou ter que trocar o filtro de combustível. Aprendi uma coisa: Ao sair do Brasil troque todos os filtros porque por aqui pode perder tempo, não obstante ser mais barato.

    Fico pensando como seria bom se pagássemos menos impostos no Brasil ou tivéssemos a contrapartida deles.

    Grande abraço a todos, principalmente aqueles que eu não saudei especificamente.


    RELATÓRIO DIA 12

    Data: 08 de dezembro – Terça feira - Martes

    Um grande dia:

    Como todos sabem, estamos 1 dia atrasados com relação ao nosso cronograma de viagem.

    É claro que estamos de férias e o atendimento ao cronograma não seria tão importante, mas quem me conhece e principalmente a Gloriete sabe que “jogamos a vera” e vamos tentar recuperar o tempo perdido nos próximos dias.

    Desta forma, acordamos às 05:00 da manhã para sair às 06:00 e manejamos (dirigimos) até as 21:40 chegando a Puerto San Julian.

    Foram percorridos 989 km neste dia. Muitos até dirão que tal kilometragem não é muita vantagem para um dia, mas se considerarmos que conhecemos durante o trajeto mais 2 pessoas fantásticas (Guilhermo e Mônica), pertencentes ao Club Nissan da Argentina, que nos receberam em sua residência para um pequeno lanche bem como nos levarem para fazer um tour por lugares incríveis em Comodoro Rivadávia, lugares esses que só os locais conhecem.

    Cabe também ser registrado que hoje é dia de Nossa Senhora da Conceição e é feriado na cidade e por pouco quase não conseguimos trocar o filtro de combustível da Nissan. Perdemos quase 1 hora procurando um lugar e fazendo a troca.

    O filtro de combustível trocado ficou em 67 pesos. Em Vitória, no mercado local, tal filtro custa mais de 100 reais. Não vou nem falar no preço se tal componente fosse trocado no concessionário da Nissan. Fico às vezes pensando como é que podemos sobreviver no Brasil.

    Visitamos um local chamado Rada Tilly onde tem um promontório com uma visão fantástica do mar e de Comodoro Rivadávia. É mandatório a todos que passarem por aqui perderem uma meia hora visitando esse promontório que fica na saída na de Comodoro em direção a Caleta Olívia.

    Nesta cidade não vimos motos e sim quadriciclos. Nunca vi tantos quadriciclos em minha vida. Imaginem uns moto boys de quadriciclos ai no Brasil...

    O nascer e por do sol estão complicando nosso relógio biológico. Chegamos a Puerto San Julian às 21h40min horas e o sol estava se pondo. Às 22:00 fomos a cidade comprar pão, bifes e sopa maggi para fazer o jantar como se fosse umas seis da tarde ai n Brasil.

    São 23h45min e ainda estou preparando esse relatório para vocês. Quanto mais ao sul mais luz do sol teremos a cada dia. Em Ushuaia está previsto apenas 5 horas de noite.

    Quanto mais ao sul, mais solidão nas estradas. As retas continuam intermináveis e os 6 kilos de cereja que tínhamos aprovisionado para nos distrair e comer durante a viagem não deram nem para chegar a Comodoro Rivadávia, nos obrigando então comer somente pêssegos e ameixas.

    As retas são hipnóticas como já tinha mencionado. Aquela miragem que parece que existe um trecho molhado a frente da estrada tem se tornado bastante normal. O que é curioso que em um determinado momento confundi um latão e um pano branco próximo a uma cerca como se fossem 2 pessoas conversando a margem da estrada. Só quem esteve por aqui sabe que essa miragem até é possível depois de 10 horas ao volante.

    Entre o povoado de Três Cerros e San Julian foi onde vimos a maior quantidade de guanacos na estrada. Cuidado nesse trecho, pois eles ficam na beira da estrada como que aturdidos pelos carros e caminhões que passam. Vimos uma grande quantidade de guanacos mortos e espalhados pela Ruta 03.

    Como aqui a natureza parece que falhou em disponibilizar aves de rapina, vemos restos de guanacos que parecem ter sido atropelados a alguns dias e seus pedaços continuam pela estrada. Dá muita pena. Se fosse no Brasil os urubus iriam fazer essa limpesa rapidinho. Viva os nossos urubus ...

    Nos postos YPF em algumas localidades vimos adesivos de pessoas que passaram por aqui. Dou destaque ao adesivo da RECIFE EXPEDIÇÕES e da GAIA EXPEDIÇÕES

    Em um posto de serviço vi 2 cegonhas carregando automóveis Fiat. Tive oportunidade de ver os carros e me chamou atenção o acabamento dos mesmos. É muito superior ao que nos é ofertado em nosso pais. Acho que o Collor estava certo quando falou da qualidade de nossos veículos.

    Muito cuidado ao pagar ou receber troco nos postos de serviço aqui na patagônia. Em um dos postos, dei uma bobeira ao receber o troco e o vento quase levou 10 pesos. Se não fosse o menino correr atrás e a nota se enganchar em uma planta de um canteiro ia ser mais um pequeno prejuízo. O vento aqui embaixo não é fácil. De comodoro Rivadávia até aqui foram quase 400 km de vento contra. Ainda bem que o torque na Nissan nessas horas faz a diferença.

    Os kilometros que antecedem Puerto San Julian (uma descida e uma reta ) são um dos mais bonitos da viagem. Depois de Comodoro Rivadávia a estrada também vem margeando o oceano durante muito tempo e também é bastante aprazível.

    Antes de chegar a San Julian rezamos para que Deus nos indicasse um bom hotel. Dito é feito. Foi só contornar a rotonda e apareceu as CABANAS TIO FRITZ, recém inauguradas e reputo como o melhor hotel de nossa viagem até agora. RECOMENDO ESTAS CABANAS .

    Vimos as cabanas, pedimos para dar uma olhada, perguntamos o preço (200 pesos) e nem perdemos mais tempo em saber se na cidade havia outros hotéis. Baixamos alguma bagagem e fomos fazer compras.

    Amanhã vamos tentar chegar a Rio Grande. Por hoje, uma boa noite a todos.

    Parabéns para a minha sobrinha Sathia que passou na primeira fase do vestibular da UFES ( federal) e da federal do PARANÁ também.

    Amanhã vamos rodar muito também e se Deus quiser, dentro de 2 dias chegamos ao final do mundo.





  • #10
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    Ramalho,

    É com imenso prazer que estou acompanhando sua aventura. Aliás, vc deu-me aquele empurraozinho para planejar a nossa. Como já estamos com os filhos crescidos, achamos que está na hora de curtirmos a vida, e já que nosso hobby sempre foi pequenas expedições, uma viagem ao "fim do mundo" seria o coroação!!

    grande abraço

    Caio

  • #11
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    Data: 09 de dezembro – Quarta feira - Miercoles

    Uma energia estranha

    Ontem saímos atrasados de Puerto San Julian (08:30), mas por um bom motivo: A cama estava boa demais e nesse dia nossa intenção seria chegar somente até a cidade de Rio Grande, já na província da Terra do Fogo, onde pernoitaríamos para nossa última etapa da viagem.

    Quanto mais se desce ao sul, a estrada vai ficando cada vez mais deserta e as cidades vão distando mais uma das outras.

    Em um determinado momento Gloriete me perguntou se eu não estava sentindo algo diferente como se uma energia boa estivesse tomando conta de nossa viagem.

    De repente me dei conta que essa energia realmente estava presente. Não sei se por causa de nossas orações na partida ou ao final de cada trecho diário, ou se pelas forças da natureza que estão presentes na Patagônia ainda pouco tocada pelo homem ou até mesmo pelo pensamento positivo oriundo de vocês que acompanham nossa viagem.

    Hoje, dia 10, pela manhã, conversando com o Sr. Rodrigo falei sobre essa tal energia, e ele me confirmou que na ilha realmente tem algo atípico talvez até mesmo por circular pessoas de todo mundo por aqui em busca do fim do mundo.

    Considerações sobre o trecho percorrido ontem:

    Tenho colocado em meus relatórios, informações das mais variadas e para várias pessoas distintas. Desta forma, poderão ocorrer informações já conhecidas para muitos, mas considerem como uma forma de recordação dos lugares já trilhados por muitos aventureiros, principalmente pelo grupo do 4x4.

    A Patagônia é uma região para ser conhecida com vagar. Aqui a natureza se mostra numa plenitude tão grande e às vezes tão intocada, que faz-nos refletir sobre o quão pequeno somos diante da obra de Deus.

    Mas chega de filosofia e vamos a algumas considerações do dia de ontem. Vou relatar sem muita preocupação de ordem e de metodologia.

    Como falei saímos as 08:30 horas e chegamos, a sol pleno, na cidade de Rio Grande às 21:15 horas, após quase 700 km rodados.

    O trecho entre San Julian e Rio Gallegos, se mostrou bastante deserto e só não se mostrou cansativo porque já estamos nos acostumando com o perfil das viagens pela Patagônia.

    O almoço foi servido a bordo um pouco mais cedo e constou de um tubo de batatas fritas daquelas ainda compradas no Paraguai (pringles), castanhas do Pará e nozes, meio saco de bala jujuba, um resto de pão com requeijão, tangerinas, 2 maças e coca cola.

    Talvez vocês estranhem esta descrição sobre nosso almoço, mas era para acabar com todo tipo de alimento que havia no carro, pois na fronteira do Chile não se pode entrar com certo tipo de alimentos e teríamos que jogar tudo fora e isso é pecado. Também, como a estrada não tem nada não haveria lugar para almoçar e almoçar na estrada é perda de tempo e combustível para o sono.

    Como teríamos que atravessar o Estreito de Magalhães em uma balsa, pensei que teríamos que pagar em pesos chilenos e assim entrei em Rio Gallegos buscando uma casa de cambio.

    Fui a duas oficinas e ninguém tinha pesos chilenos para cambiar. Troquei mais alguns dólares e a melhor cotação que encontrei foi na casa de câmbio Thaler, que também existe na cidade de Ushuaia.

    Abastecemos o carro e voltamos à estrada em direção ao Paso da Integração Austral (Argentina e Chile). Haviam nos informado que os trâmites aduaneiros desse paso são muito demorados e nos preparamos para o pior, mas sem estress.

    Os trâmites levaram um total de 35 minutos deste a hora que estacionamos nosso auto até a hora que saímos. São 5 etapas a serem cumpridas: Duas na parte argentina e três na chilena. Devo lembrar que as duas aduanas são integradas, estão no mesmo local (edifício).

    • Primeiro dá sua saída em território argentino carimbando seu passaporte.
    • Segundo dirige-se ao outro guichê para dar a saída do veículo.
    • Terceiro vai para o lado chileno e faz a imigração (carimbar o passaporte)
    • Quarto - Dar entrada temporária do veículo. Guardar papel que será entregue quando sair do Chile na próxima fronteira (daqui a umas 2 horas)
    • Quinto - Fazer a aduana e verificar o carro. Nem fomos verificados porque ventava demais.
    Seguimos mais alguns kilometros e chegamos ao embarque do transbordador. A estrada que já não tinha ninguém entre San Julian e Rio Gallegos, agora neste trecho até o embarcadouro é que é deserta mesmo.

    Embarcam os autos nas laterais e os caminhões ao centro para equilibrar o peso. Devem caber uns 30 veículos ou mais incluindo carros e caminhões. A passagem é cobrada a bordo e pode ser paga em pesos chilenos, argentinos ou dólares.

    Preferi fazer o pagamento em dólares porque o cambio estava bom. Paguei 29 dólares pela travessia.

    Atravessamos o Estreito de Magalhães e pegamos uma estrada de boa qualidade por alguns kilometros para após pegar uma estrada que seria um misto de terra e rípio que maltratou bastante não só a Nissan que é bastante robusta como outros autos e caminhões.

    Como é um estrada utilizada quase que na sua totalidade por veículos que se dirigem a Argentina o Chile “finge” que faz a manutenção da via. São em torno de 148 km que venci em aproximadamente 3 horas por ter um carro mais adaptado ao off-road.

    A dica para esse trecho, para evitar poeira e um viajar mais tranqüilo, é quando desembarcar em terra procure logo passar os caminhões que vieram no seu transbordador e se manter entre os dois fluxos de veículos. O fluxo que veio na sua balsa e o fluxo que antecedeu a sua balsa. Devido às condições da via, para passar pelos caminhões, mesmo em uma reta, são necessárias três coisas: Sorte de a estrada ficar um pouco mais larga naquele ponto, perícia da condução do veículo e ter tração 4x4 e potência de motor para realizar a ultrapassagem o mais rápida possível, pois a nuvem de poeira faz com que a visibilidade fique zero por uns 10 segundos mais ou menos. É puro instinto ...

    Só percebi esse detalhe por estar trafegando em uma média mais elevada, e mais à frente peguei o outro “lote” de veículos. Haja poeira. Continuando a viagem, já próximo de San Sebastian, peguei outro lote. Resumo da ópera: Apressado como pó e como.

    Os trâmites aduaneiros à frente são muito tranqüilos. Primeiro vem o Chile onde você entrega o papel recebido na fronteira anterior referente à admissão temporária do veículo e mais a frente tem o da Argentina onde você novamente ingressa em território argentino.

    Não sei quanto tempo perdi, mas no do Chile quando terminei os caminhões que eu tinha passado na última leva, estavam chegando.

    Resultado: Fomos nos hospedar em Rio Grande no Gran Hotel Laserre que seria um três estrelas que reúne condições até superiores ao que necessitávamos para nossa estadia. É o tipo de hotel que tem aqueles mimos no banheiro (shampozinho, toquinha de cabelo, etc). O café da manhã semelhante ao do Brasil e não ao tradicional argentino (meia lunas e café com leite). Internet wi-fi e ótimas condições. Esse eu recomendo e na volta irei fazer o pernoite ai. Falei que fazia parte do fórum 4x4 e iria divulgar e consegui um desconto de 15% pagando então 225 pesos. Foi o mais caro até agora, mas em nossa busca pela cidade (4 hotéis) foi o mais barato e valeu cada centavo que pagamos. Deixar claro que 225 pesos equivalem a uns 107 Reais ao cambio de hoje.

    Para fechar a noite em grande estilo, pois estamos merecendo uma noite especial, fomos jantar em um restaurante situado na esquina do hotel. Vou deixar vocês com água na boca: Nosso cardápio foi: Cordeiro patagônico ao forno com ervas finas, acompanhado com umas coisas muito gostosas tipo uma papa. Um malbec seleção de 14 graus, super encorpado, para acompanhar a carne, e uma sobremesa a base de nozes e cerejas que parece uma torta. Se eu soubesse que a sobremesa era tão gostosa e grande (deu para eu e Gloriete) tinha pedido só a sobremesa. Valor da brincadeira dessa noite: 220 pesos. Dava para umas três refeições medianas por aqui. O cordeiro patagônico na lenha vou comer mais adiante.

    No mais amanhã é o nosso último trecho e chegaremos ao fim do mundo.

    Abraços a todos e saudades de meus filhos.

  • #12
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    Data: 10 de dezembro – Quinta feira – Jueves


    Objetivo atingido:

    Antes de iniciar a narrativa, gostaria de mencionar que no dia anterior, antes de chegar a cidade de Rio Grande, na travessia do Estreito de Magalhães, centenas de toninhas, um tipo de golfinho da família dos focenídeos, na cor preta e branca, acompanhavam o transbordador como que saudando nossa chegada a Terra do Fogo. Como são extremamente velozes, cruzavam ao lado e a frente do barco como que brincando conosco. Muito lindo ...

    Mas vamos a viagem:

    Após 8 horas de viagem para percorrer os últimos 230 km chegamos a Ushuaia. Vocês podem até questionar se houve algum problema conosco ou com o veículo e lhes direi que o único problema é que fomos rápidos demais neste trecho e poderíamos ter aproveitado mais o trajeto.

    De Rio Grande até Tolhuin a estrada vai se modificando, ora passando as margens do Oceano Atlântico, ora passando por fazendas de criação de cordeiros. Em Tolhuin paramos em uma padaria para fazer um lanche e ficamos quase uma hora parados fazendo um pequeno lanche. Quem me conhece, principalmente meus filhos, sabe que eu não demoraria mais que 15 minutos para realizar tal feito.

    Daí fomos para as margens do lago Fagnano e eu e Gloriete ficamos brincando como dois adolescentes correndo e jogando água gelada um no outro. Gloriete quis experimentar o sabor da água e disse que é um pouco saloba.

    Continuando margeando o lago (favor visualizar a descrição no Google Earth) fomos visitar a Hosteria Kaiken. A dona da hospedaria ao saber que éramos do Brasil e fazíamos parte do Grupo de 4x4 nos convidou para um chocolate quente e algo semelhante a meias lunas.

    Continuamos a viagem e mais a frente entramos em uma estrada secundária, exclusivo para autos 4x4 (dificuldade 2) e chegamos ao lago escondido em uma hosteria abandonada chamada Petrel.

    Que paz !!! Que lugar lindo !!! Eu até achava que era o lugar mais bonito que tinha visto na minha vida até visitar ... ( segredo ainda).

    Em uma subida muito íngreme, fora da estrada (tive que usar reduzida para subir), voltamos a estrada já no próprio Paso Garibaldi e daí, depois de muita travessura começamos a descida para Ushuaia.

    Quero deixar bem claro que essas loucuras são capitaneadas pela Gloriete, que mesmo sem saber distinguir uma marcha sequer é muito mais aventureira que eu.
    Chegar a Ushuaia pela primeira vez deixa qualquer um em estado de graça. A alegria é como a de um estudante ao verificar a lista de aprovados no vestibular e ver seu nome na lista de vitoriosos. É uma sensação muito estranha.

    Paramos num posto YPF, abastecemos e até hoje não vimos preços diferenciados nem para argentinos nem estrangeiros, colocamos o nosso Teccom 10 de cada dia para não congelar o diesel e nos dirigimos para a oficina de turismo para pegar informações.

    Impressionante como a Argentina e o Chile cuidam em receber bem o turista com informações. A Argentina está 10 anos a nossa frente e o Chile provavelmente à 20 anos.

    Para aproveitar o restante do dia, pois aqui anoitece às 22:00 horas, fomos visitar o museu onde se localizava o antigo presídio. Entramos, vimos algumas galerias, mas quando entramos na galeria antiga que não foi reformada, senti uma sensação de muita angústia como que centenas de vozes clamavam por liberdade. Esta galeria me passou muito sofrimento, e algo parecido senti em uma visita a uma cadeia na cidade de Goiás Velho.

    Amanhã então começamos a usufruir um pouco de nosso destino final.

    Não vou ficar também dando detalhes sobre Ushuaia, pois existe muita informação na Internet sobre o que fazer nesta mística cidade.

    Estarei partindo daqui a dois dias e só vou reportar algo se for de muita relevância.

    O importante é que chegamos bem, um pouco cansados talvez, mas a fila anda e temos muito a fazer a partir de amanhã.

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