Antes de começar o nosso relatório sobre a viagem até Mendonza e nossa estadia nesta cidade, gostaria de colocar alguns comentários sobre um personagem que nos tem acompanhado por todas as rutas desde que entramos em território argentino. Sua presença se faz sentir através de santuários toscos montados as margens das rodovias.
Defunta Correa:
A Defunta Correa é uma figura religiosa argentina que atrai centenas de milhares de devotos, pela sua trágica história e por supostos milagres atribuídos a mesma.
O seu culto não está permitido pela Igreja Católica, assim como o culto do nosso Padre Cícero. Não é considerada como santa, nem a sua existência real está devidamente documentada.
Segundo a lenda, María Antonia Deolinda Correa era uma jovem mulher, na década de 1840, que decidiu seguir o seu marido quando este foi recrutado para combater na guerra civil argentina. Levando seu bebé recém-nascido nos braços, Deolinda Correa, após a partida de seu marido, tentou seguir o progresso do exército argentino durante algum tempo.
Quando atravessou a zona desértica em torno da província de San Juan, os mantimentos e água que levava se acabaram e desta forma, acabou por morrer de sede e exaustão.
Algum tempo depois, o seu corpo foi encontrado e, para espanto dos viajantes, o bebé estava ainda vivo, supostamente graças ao leite que o corpo da sua mãe continuou a produzir, mesmo depois da morte. O evento foi considerado o clímax da proteção de uma mãe para com seu filho e interpretado como milagre divino. O local onde foi encontrada morta foi assinalado com um pequeno altar.
O culto da Defunta Correa atrai muitos milhares de argentinos, em particular camionieros e viajantes da estrada em geral. Em todas as rutas, a devoção da Defunta Correa está patente ao longo das estradas, onde se encontram pequenos santuários, mais ou menos elaborados, rodeados de oferendas como peças de carros e, especialmente, garrafas cheias de água pelas graças alcançadas.
Como viajar é transferência de culturas, essas foram mais 2 (duas) lendas que recolhi pelos caminhos trilhados em nossa expedição, além do túmulo do índio desconhecido de Punta Arenas no Chile. Moreover, he tried to let everybody know about the miracle.
Estadia em Mendoza.
Na mesma noite em que chegamos confirmamos de uma vez por todas que existe um complô dos Argentinos em não nos deixar partir.
Pedro e Adriana já nos levaram para conhecer alguns pontos que ainda não conhecíamos e terminamos esse dia com um lanche ajantarado em um dos quiosques do parque. Se a cidade de Mendoza é linda na parte da manhã, e de noite, ainda mais com sua iluminação de final de ano, que a cidade fica ainda é mais bela.
No dia 31 de dezembro, na parte da manhã, conseguimos finalmente trocar o pára-brisa da Nissan, pois na parte da tarde a cidade ficou como que deserta pelas festas de final de ano, com exceção de alguns postos de combustível que iriam permanecer abertos até as 22h00min horas. Se você precisa-se comprar um pão para comer iria morrer de fome.
A impressão de cidade deserta não se confirmou à noite, visto que durante em nossa ceia de réveillon, quando da passagem do ano (zero hora) os fogos de artifício de Mendoza começaram a espocar e iluminar o céu.
Como a casa de Adriana tem um pequeno terraço pudemos assistir a um bonito espetáculo. Não tem a intensidade e concentração em um só local como existe no Brasil, mas parece que os argentinos ficam entre si disputando quem vai soltar a última chuva de prata. O último espocar de fogos ocorreu quase uma hora depois.
Ano novo vida nova
Como tudo está fechado em Mendoza, não tivemos alternativa senão ir para o campo também fazer um churrasco à moda argentina.
O lugar escolhido foi o povoado de Carrisal onde Pedro e Adriana tem uma casa à beira de um lago lindo de morrer.
O tamanho do lago, originário das águas das geleiras, é mais ou menos do tamanho da lagoa de Araruama no Rio de Janeiro e lanchas e jet-sky dividem espaço com os banhistas.
Muita gente nas estradas, tanto na ida quanto no retorno, mas até agora não vimos um acidente sequer, graças a Deus, nas estradas.
O churrasco argentino é um pouco diferente do nosso, principalmente pelo corte das carnes, pela maciez e pelo modo de preparar, usando lenha em vez de carvão o que faz com que o perfume da madeira queimada penetre na carne.
Quadriciclos são coisas muito comuns na Argentina, mas em Carrisal existem em maior quantidade que carros e existem “trocentas” pistas com todo o grau de dificuldade.
Retornamos e jantamos e ao chegar, ficamos sabendo o custo da energia elétrica na Argentina: 60 pesos em média, a cada 2 meses, por uma casa com 2 dormitórios.
Vocês até podem falar que são apenas 2 pessoas e que eles não usam ar refrigerado, mas pagar 15 reais por mês está muito barato. Cabe ser ressaltado que grande parte da energia utilizada hoje pela Argentina é fornecida por Itaipu. Viva o nosso presidente ...