cheguei do Peru, fui pela Rodovia Interoceânica, então acho melhor deixar aqui minha contribuição, desculpa pelo longo texto, mas sempre serve para alguém:
- Defender 110, 5 pessoas (eu, minha esposa, 3 filhos: 13, 15 e 21 anos)
- Equipamentos: Pneu 235/85/r16 + 2 7.50/r16 no bagageiro, Guincho 9000 lbs, peças diversas, GPS Nuvi 200 (baixei alguns waypoints da internet e ficaram nos favoritos - para quem tem o Nuvi 200)
- Trecho - 11.000 km:
Brasil -> Curitiba, Coxim, Vilhena, Porto Velho (3250 km)
Brasil -> Porto Velho, visita a construção da usina hidroelétrica de Sto Antonio, sítios, cachoeiras (510 km)
Peru -> Porto Velho, Assis Brasil, Inambari, Puerto Maldonado (1080 km)
Peru -> Puerto Maldonado, Quincemil, Acampamento Conirsa (295 km)
Peru -> Acampamento (início subida Andes), topo dos Andes, Urcos, Cusco (227 km)
Peru -> Cusco (explorando a área 425 km)
Peru -> Cusco, Puno (400 km)
Peru -> Puno, Moquegua, Tacna (630 km)
Chile -> Tacna, Arica, Iquique (370 km)
Chile -> Iquique, San Pedro de Atacama (484 km)
Chile -> SPA (650 km explorando)
Argentina -> SPA, SS Jujuy, Guemes (570 km)
Argentina -> Guemes, Posadas (1130 km)
Brasil -> Posadas, Foz do Iguaçu, Curitiba (959)
- Cotações: 1 USD = 2,30 reais = 3,13 soles = 610 pesos chilenos = 3,49 pesos argentinos
- Trecho Brasil: sai de Curitiba e fui por Presidente Epitácio (via Campo Grande), se fosse hoje iria pelo oeste do Paraná, Nova Londrina x Rosana x Nova Andradina x Campo Grande. Em Rondônia (apesar de gostar muito do estado - vivi 10 anos lá) é onde a estrada está pior. Dormi em Coxim, Vilhena e Porto Velho, depois de 3 dias e 3250 km passei alguns dias em Porto Velho, onde tenho familiares e amigos.
- Trecho indo para o Peru: sai 4 hs da manhã de Porto Velho para dormir em Puerto Maldonado - de Porto Velho vc vai sentido Rio Branco-AC via BR364, no Acre entrei antes de chegar em Rio Branco na BR317, almocei em Epitaciolândia. Na entrada de Assis Brasil parei no posto da Receita Federal e declarei as máquinas e notebook que estava levando, dei saída na Políca Federal, aproveitei e também completei o tanque - o primeiro posto decente que encontrei no Peru foi em Puerto Maldonado. Para sair de Assis Brasil vc atravessa a ponte e chega em Inambari, anda uns 3 km pela pequena Inambari e chega no posto de imigração.
- Peru, imigração: quando cheguei na imigração preenchi os documentos (normais), aproveitei e fiz o câmbio de alguns dólares e de reais para Soles (1 dolar = 3,05 soles), a taxa foi 3% mais baixa que em Puerto Maldonado e Cusco. Para entrar com o carro tem que fazer o documento do carro (tipo receita federal - importação) - os policiais preencheram, porém tive que voltar os 3km (para o início de Inambari) para tirar fotocópia da Identidade, Documento do Carro, Habilitação (acho que também do documento de imigração) - ali na imigração tem uma tia que tira fotocópia, mas ela não estava lá na hora. A imigração cola um selo no parabrisa dianteiro com a autorização de circulação. Quando estava tudo certo fui entrar no carro e vi que o pneu traseiro esquerdo estava baixo,
voltei novamente para uma borracharia peruana e o cara disse que não consertava aquele pneu (sem câmara), voltei para Assis Brasil (tudo colado, separado pela ponte). No Brasil o problema estava no bico, troquei o bico e aproveitei para comprar mais um e levar de reserva. Quando voltei na imigração o policial reclamou que tinha retornado para o Brasil, mas tudo bem, fizeram uma revista em algumas malas e seguimos para P Maldonado.
- Peru, Inambari x Puerto Maldonado: vc passa por uns 6 povoados, com pouca infra-estrutura, tudo asfaltado - encontrei poucos carros no caminho e algumas motos, mantive 110 km/h. Em um destes povoado o policial pediu que parasse, perguntou para onde ia e mandou seguir. Uns 40 km antes de chegar em Puerto Maldonado o asfalto acabou, mas como está em obra o trecho está bem sinalizado. As 20 hs cheguei em Puerto Maldonado - sabia que tinha que atravessar a balsa, agora o que não sabia: à noite apenas 2/3 balsas funcionam, as balsas carregam geralmente 1 carro - tinham uns 9 carros na minha frente, demorei 1
hora na fila. Cobraram 40 soles para atravessar a Defender.
- Peru, Puerto Maldonado (PM): em PM cheguei na praça e contratei um mototaxi para me levar em algum hotel/hostal (4 soles). Cheguei no primeiro e era muito bom mas os quartos estavam quente e sem ar condicionaldo - ficamos no segundo que chegamos (Hospedaje "El Mirador" - era 21:30), com ar condicionado, banho quente (160 soles - 2 quartos). No Peru sempre pegue quarto nos fundos, pois o pessoal gosta de buzinar - o tempo todo.
- Peru, Puerto Maldonado x Acampamento Conirsa: pela manhã tomamos café, abasteci (o preço do diesel foi o mesmo que do Brasil - mas a gasolina era mais barata que o diesel), fui até ao "mercado municipal" e comprei folha de coca (para não passar mal na altitude) e garrafas de água, fui também em uma casa de câmbio (1 dolar = 3,13 soles). No Peru, pelo menos no interior, poucos locais aceitam cartão (crédito ou débito), então vc acaba gastando um pouco mais de "efetivo". Saimos de PM às 08:30. O caminho é bem tranquilo, mas em vários locais o tráfego é em pista simples, dai tem o pessoal que controla o trânsito com placas de Pare e Siga, isto acaba atrasando a viagem, mas mesmo assim vale a pena. No caminho encontramos os primeiros brasileiros, uma equipe da rede Globo de Porto Velho, que iam para o Porto de Ilo, passando por Cusco, e estavam fazendo um especial sobre a rodovia Interoceânica, estavam em uma Defender 1993, vermelha, Celso, Laelho, Grabiela, Emanuela e Simone (vejam em http://rumoaopacifico.blogspot.com). O nosso objetivo era chegar em Cusco no final da tarde, eles comentaram no site que estávamos indo muito rápido, mas estávamos em velocidade de cruzeiro, já eles fazendo reportagens .... encontramos depois um outro casal brasileiros que estavam em uma Defender 110 branca de Itajai - SC, estavam voltando de Cusco, mas foi só um oi .... bom eram apenas 530 km para chegar em CUsco, dos quais 375 km em estrada de chão, mas não conseguimos .... quando era 15 hs, depois de rodar 285 km, começando a subir os Andes, chegamos em uma barreira, da qual não estávamos preparados e nem sabíamos. É uma barreira feita pelo governo peruano (exército), para que o tráfego de automóveis e caminhões não atrapalhem tanto a construção da Interoceânia. Esta barreira fica aberta por uma hora nos seguintes horários: 00, 06, 12 e 18. Então tivemos que esperar até as 18 hs para que nós, e todo o resto do pessoal que estava na fila, seguirmos. Isto mexeu com nosso plano A, então fomos para o plano B. O jeito foi dormir no acampamento da Conirsa (empresa que está construindo a rodovia), por sorte falamos com um engenheiro da Odebrech em Porto Velho, que nos ofereceu a estadia no acampamento - muita sorte, porque o trajeto que estava por vir é muito bonito, com paisagens impressionantes - tem que subir os Andes com o dia claro. Para quem for o ideal é calcular quando vai passar pela barreira, se chegar em Quincemil depois de 12:30, então é melhor tentar pousada em Quincemil mesmo (tem algumas hospedagem por lá, conforme relato de outros que já dormiram por lá) - novamente, tem que subir os Andes com dia claro .. é show de bola!!!! O caminho é bem tranquilo, alguns trechos, apesar de ser de chão tem algumas pedras maiores, também tem alguns pequenos riachos para atravessar, mas são de pedra e foi tranquilo - encontrei um peruano na barreira que estava um uma wagon da Volvo (carro baixo), e passou sem problema, falou que tem que ver onde está mais baixo - acho que foram uns 6 riachos, onde 2 tinham mais de 5 metros. A dica aqui é para quem for fazer a viagem, poderia sair de Rio Branco - AC e dormir em Mazuco ou Quincemil. No outro dia sai de manhã , chega na Barreira até o 12hs, passa e chega em Cusco lá pelas 18hs. O plano é terminar a rodovia até final de 2010, e pelo que vi do andamento das obras vão conseguir.
- Peru, Acampamento Conirsa x Cusco: as paisagens são fantásticas, várias cachoeiras, vc começa a subir, com várias curvas em U, muitos trechos só passa um carro, mas é bem tranquilo. Na subida tem um ponto que tem um desvio, onde se vc pegar o desvio vai pegar o asfalto bem antes e consegue economizar 1 hora, mas eu não peguei o desvio, isto depende de conversar e pedir para os funcionários (e as vezes uns $$$). Valeu a pena seguir e chegar a 4800 m de altura. Vc vê picos nevados (ou congelados), lagos, ruinas, o povo, Lhamas, etc, etc. Muito bonito. No início da subida já fomos mascando folha de coca, ninguém passou mal, uma filha minha não quis e também não passou mal (também dormiu um monte). No início da descida você já encontra o asfalto, no primeiro vilarejo paramos, compramos uva, bem doce, outra fruta que parece um tomate amarelo, mas com gosto de melão - vale a pena provar outros sabores.
Algumas distâncias:
De: Puerto Maldonado até
Primavera - 120 km
Mazuco - 53 km (tem um posto, aproveitei e abasteci novamente, foi mais barato que PM)
Quincemil - 70 km
Barreira - 42 km
Alojamento (início da subida) - 10 km
Lago - topo dos Andes (4800 m) - 80 km
Início Asfalto - 7 km
Urcos - 82 km
Cusco - 58 km
continua