Saímos de BH no dia 2. Embora minha intenção fosse sair cedo de casa, sabia que não aconteceria e esse seria o começo de um exercício mental que deveria me acompanhar por toda a viagem: esquecer o planejamento de horários e prazos. E seria justo também. Afinal, eram férias. Eram quase 11 da manhã quando deixamos nossa residência.
A intenção era dormir em Brasília e chegamos por lá às 21:30 h ou próximo disso debaixo de MUITA chuva. Aliás, boa parte do caminho de 755 km foi sob chuva forte. Não houve sustos, mas a exigência de uma atenção maior acaba aumentando o desgaste. Dirigi por todo o tempo. Cabe a ressalva de que minha esposa dirige bem em rodovias. Mas eu estava tranquilo e a deixei como navegadora. Panorama que se manteve por toda a viagem.
Dormimos no Golden Tulip Brasília Alvorada reservado pelo Booking quando chegávamos em BSB (Hotel Golden Tulip Brasilia Alvorada - 4 Estrelas). Demos sorte por pegar uma dessas promoções. Jantamos, banho e cama. No dia seguinte, café da manhã e, novamente, só saímos para pegar estrada às 10:30 h. O hotel é muito bom: bom atendimento, bom restaurante e estacionamento coberto e seguro; além de outras comodidades. Nosso destino seria Ponte Alta do Tocantins, que é uma das cidades-base para deslocamentos até os atrativos da região.
A primeira parte da viagem foi muito boa, apesar ainda da presença da chuva. As rodovias que ligam Brasília a Luís Eduardo Magalhães (BA) são grandes retas em maioria. É possível desenvolver boa velocidade sem aumentar os riscos e a viagem “rende”. Chegamos em Luís Eduardo achando que encontraríamos restaurantes abertos para um almoço tardio. Não conseguimos. Talvez até houvesse, mas não estávamos dispostos a comprometer muito mais tempo na busca. Lanchamos e, ao sair, nuvens muito carregadas anunciavam um segundo dilúvio na viagem. Dito e feito, chuva muito forte como na ida para Brasília que permitia enxergar pouco à frente. Pelo menos, as estradas continuavam muito boas até que...
Indo com destino à Almas (TO), na divisa entre BA e TO, o asfalto simplesmente acaba e a rodovia se transforma em um esburacado de terra (e lama – naquele dia). Não há sinalização e os incautos, debaixo de chuva forte ainda, só descobrem que isso acontece depois de meter o carro com força nesse inferno. Foi meu primeiro momento de certeza de que quebraria algo da suspensão da picape nessa viagem. Outros 1.389 momentos como esse existiriam e eu ainda não sabia.
Essa loucura de alternância entre trechos de asfalto e buracos na terra acontece na BA-460 por 3 ou 4 vezes até a chegada da divisa onde há um posto fiscal. A partir dali, asfalto novamente. Já sem chuva, apreciamos um belo pôr-do-sol na estrada.
Chegamos à Almas por volta de 19 h (730 km de BSB até aqui) e aí começou a estrada de terra. Conto do fim primeiro para depois fazer considerações: gastamos pouco mais que 3 horas no percurso de Almas à Ponte Alta (153 km). Essa é a parte que eu não faria novamente. Estrada alternando entre ruim e muito ruim, deserta, família no carro, sem sinal de telefonia (de nenhuma operadora) – óbvio e com chuva novamente em alguns trechos. Mas aí, quem lê pensa: 153 km em 3 horas dá uma média de 50 km/h + ou -. Ou seja, estrada muito boa para ser de terra. Não, a estrada não era boa. No início, ainda com paciência, fomos devagar. Mas ao pensar que naquele ritmo seriam mais 4 ou 5 horas de fim de viagem com todo mundo cansado e nas condições acima, era farol alto e onde dava para chegar nos 60 km/h sem risco(?), nós íamos. E dá-lhe pancada na suspensão de novo: buracos, valetas, pedras... E foi todo esse tempo sem cruzar com ninguém além de corujas, calangos e afins.
Bem, se eu não faria isso novamente, qual seria a opção? Daria uma grande volta e chegaria à Ponte Alta pelo asfalto se o percurso fosse feito à noite. Ou me planejaria fazer o percurso na terra mesmo, só que durante o dia. Com um veículo a mais acompanhando, talvez melhorasse um pouco. Não só para essa situação, mas também para outros momentos da expedição.
Segue o mapa rodoviário do TO para que algum interessado em fazer o mesmo ou próximo disso possa consultar e definir suas estratégias.