Foda!
Eu nem lembro bem o que comi.. acho que tomei só café e com barrinhas de cereal.. Jean tinha comprado umas maçãs e bananas no dia anterior, aproveitou e comeu. O pão que compramos, que era pra fazer misto, sobrou, e como tínhamos que levar algum lanche pro passeio, acabei levando ele com umas bisnagas de patê que eu havia trazido do Brasil.
Saímos do hostel 8:45 em direção ao Parque Nacional Los Glaciares, o mesmo de El Chaltén. O tempo estava feio, muitas nuvens, chuviscos, vento.. não estava animador.
Eram cerca de 80km de asfalto até as passarelas que ficam em frente ao glaciar.
Cerca de 50km após sair de El Calafate, existe a portaria do Parque. Aqui devemos pagar o ingresso de 250 pesos. Eu acho caro.. uma vez que em outros parques estrangeiros, o comum é pagar 20, 30 reais equivalente. Ainda mais depois de conhecer El Chaltén, que tem as trilhas muito bem demarcadas e conservadas, sem custo algum de ingresso!
Mas ok, pagamos..
Após essa portaria, deve-se ter um pouco de atenção na pista. Muitas curvas fechadas que seguem margeando o lago, e por conta da sombra da encosta, a pista fica escorregadia por gelo.
O tempo continuava esquisito.. seguimos e encontramos a entrada do Pier onde pegaríamos nosso barco. -50.473033, -72.992480
Decidimos tentar ir até as passarelas, enquanto não dava a hora do embarque previsto. Nesse trecho já é possível avistar o glaciar.
Chegamos em um primeiro estacionamento, -50.463728, -73.024361, e por falta de informação, acabamos deixando o carro ali, sendo que podíamos subir mais e parar lá nas passarelas praticamente.. Ali existe um serviço gratuito de vans que levam os turistas até no outro ponto, porém tinha acabado de sair uma e a próxima ia demorar.. então voltamos pro pier. Nesse estacionamento existe restaurante, café, banheiros..
Voltamos pro pier, chegamos meia hora antes do embarque, deixamos a band, pegamos as coisas e logo em seguida chegou um ônibus com os demais turistas que iam no barco conosco.
Logo que embarcamos, tivemos que ficar dentro até o barco sair do atracadouro. Alguns instantes depois, foi liberado ir no andar de cima, onde é aberto. Pensem num vento gelado! De doer! Pqp.. difícil até de fotografar.
Porém ver o Perito Moreno é assustador! Incrível! É muito grandioso, é uma das maiores demonstrações de força da natureza! Mesmo já tendo visto outros glaciares pela viagem, o Perito Moreno é único: tem uma facilidade de acesso incrível, se mantém estável em dimensões há centenas de anos e de tempos em tempos, ocorre o colapso de uma ponte de gelo que é formada quando o glaciar encontra a terra.
Esse colapso ocorre porque quando o glaciar encontra a península, represa o Lago Rico, impedindo seu escoamento. Este por sua vez vai subindo de nível, infiltrando e fazendo pressão nesse bloqueio, até o momento em que a pressão é tão grande, que a parede de gelo se quebra! O último acontecimento foi em março! E ainda havia boa parte da ponte na parte da península! Deve ser incrível presenciar:
Perito Moreno glacier's ice bridge collapses in Argentina | Daily Mail Online
Nossa navegação durou uns 30 minutos e ali do lago já era incrível ver suas imponentes paredes de gelo!
Chegamos no outro lado do Lago, onde o glaciar 'corre' por cima da terra. Ali existiam 4 guias, e nos dividiram em 2 grupos de acordo com a língua que falávamos, inglês ou espanhol. A princípio ficamos nos hermanos.
Como já dito, todos esses funcionários são da Hielo y Aventura, a única que pode operar esse passeio. São muito educados e prestativos. Logo ali já havia um grande ponto de apoio, onde podíamos deixar coisas que não queríamos levar pra caminhada.
O grupo era bem heterogêneo em idades, mas a maioria era argentina e chilena.
Seguimos por uma trilha até uma baixada bem próximo do glaciar e ali começamos a ouvir os primeiros estrondos do glaciar.
O Perito Moreno 'cresce' até 2,5m por dia! Então o gelo vai sendo empurrado pelo peso da neve lá de cima das montanhas, e a cada acomodação, é um barulho muito, muito alto! Como aquele raio que cai do lado da sua casa!
Ali o guia nos deus uma geral de informações sobre o glaciar e como o grupo espanhol tava muito grande, pediu que 4 voluntários fossem pro inglês, então nós fomos, já que também compreendíamos.
O grupo inglês era menor, então a atenção dos guias era melhor.
Seguimos mais um pouco e chegamos no local onde colocamos os 'grampones', a sola com garras de ferro, pra poder caminhar no gelo. Ela é amarrada na sua bota por eles, por meio de uma fita.
Depois de colocar, tem que andar igual quando tá cagado kkkkkk com as pernas meio abertas, pra não correr o risco de pisar no outro pé e furar.
Logo seguimos e caminhamos beirando o glaciar, até o ponto em que entramos no gelo. Nosso guia nos ensinou algumas técnicas de caminhada no gelo, nada muito complexo, é mais pra evitar escorregões. O caminho que percorreríamos estava já muito marcado, pois são dezenas de grupos todos os dias.
Estar caminhando ali é incrível, é como estar em cima de um monstro. Eu admiro muito a natureza e o glaciar realmente me deixou boquiaberto. Lugar pra se sentir bem pequenino diante daquilo tudo.
Vejam essa foto, vejam as pessoas como formigas:
Nas bordas o gelo é mais sujo, por conta da proximidade com a terra. Quanto mais andávamos pra dentro, mais branco ficava.
Fizemos subidas, descidas, sempre em fila indiana, com um guia na frente e um atrás. Alguns tombos.
Nós até bebemos água do glaciar e por incrível que pareça, não estava tão fria. Porém não é recomendado tomar muita, pois não há sais e poderia dar dor de barriga, segundo os guias.
Vídeo: https://www.facebook.com/guilhermead...type=3&theater
Era tudo muito legal, porém achei que íamos encontrar mais formações, como cavernas, fendas, lagoas.. porém ainda assim foi muito bacana.
Ao final de quase 1:30 de caminhada, chegamos no ponto alto, o whisky com gelo do glaciar kkkkk
O gelo é pegado ali mesmo, tem cerca de 400 anos e o whisky.. bem, o whisky... deve ser pelo menos.. enfim, tinha uma bebida lá chamada whisky! kkkkkkkk
Pra quem não bebe, pode pegar água também.
Dali voltamos pra tirar os grampones e depois começamos a voltar. Na volta presenciamos um grande desprendimento de gelo, formou uma onda muito grande, um barulho muuuito alto.
Foi muito rápido, quase não consegui fotografar..
Voltamos pro ponto inicial, onde tivemos um tempo pra fazer lanche até o barco retornar pra nos buscar.
Embarcamos e chegamos no pier às 16h. 5h de passeio, como prometido pela empresa.
Após chegarmos, decidi voltar nas passarelas pra poder olhar o glaciar de frente, por cima. Voltei naquele estacionamento e já não havia mais vans. Então fui a pé.. 1km de uma subidinha cansativa.. e enquanto subia, via carros descendo.. fiquei encucado.. achei que não era permitido ir até lá de carro particular!
Cheguei lá e vi outro estacionamento, menor, mas que carros eram permitidos.. aquele primeiro deve ser pros ônibus, vans.. f
fiquei puto.. mas beleza.
Existe uma placa com a descrição das passarelas. Existem várias e cada uma te dá uma visão diferente do glaciar. Fui andando e cheguei até na última, que fica bem de frente com os paredões de gelo.
Acho que essa visão é mais magnífica que a da caminhada. Ainda mais quando o tempo abriu:
É impressionante, o menor pedaço de gelo que se desprendia, fazia um barulho tremendo! Me disseram que era assim e eu não tava levando fé.. é tudo isso que dizem sim!
Ficam todos lá, escorados, esperando o gelo cair. Acho que é um dos poucos lugares onde queremos que a natureza sofra um dano heheh
Flagrei um grande bloco se desprendendo:
Enfim, fiquei ali 2h, só admirando aquilo tudo. Imagem pra ficar marcada na memória.
Voltei pra band já umas 18h, Jean não quis ir e ficou dormindo no carro.
Bem, terminado o horário de funcionamento do Parque, nos restava voltar pra cidade.
Chegamos lá e logo parei no posto BR, ali acabei comprando 2 litros de óleo de motor, 30 reais cada.. Acabei completando e misturando os óleos do motor, Ipiranga com Lubrax. Como os dois eram minerais e há quem diga que o óleo da ipiranga é fabricado pela BR.. acabei colocando. Mas não recomendo fazer o mesmo. Eu deveria ter levado um balde de 20l de óleo..
Dali, fomos procurar um lugar pra comer. É meio caro por lá.. mas acabamos pegando um restaurante até bom, tava merecendo.
Depois ainda fui no banco, fiz mais um saque no Santander pra garantir logo dinheiro e acabamos indo para outro hostel. Fomos pro Penguim Hostel, -50.339518, -72.262367. Era mais barato que o outro, mas não tinha 'café' kkkk
Os quartos estavam meio cheios, eram 4 beliches e só havia 2 banheiros compartilhados. Mas tinha uma cozinha bem arrumada e wifi. Foi bom. A moça também me emprestou o notebook pra passar fotos pro HD externo.
Aproveitei pra ir no mercado comprar novamente queijo, presunto e pão pro café do outro dia.
Fim do dia, fomos dormir.