Entrei aqui hoje para fazer uma avaliação que nem gosto mais de fazer aqui, porque sei que alguns se incomodam e reagem com imaturidade, distorcendo o que eu digo e fazendo ironias, mas, nesse caso, quero me antecipar porque já conheço como funciona a cabeça de alguns que só participam desse grupo para fazer indiretas, e como o assunto interessa aos donos de Nissan, achei melhor fazer isso logo.
Como eu disse, esse assunto interessa diretamente ao grupo, nós donos da excelente, maravilhosa, inigualável, sensacional, tecnológica de verdade, confiável, robusta, confortável, estável, segura e linda Frontier
Ontem no grupo de whatsapp publicaram essa reportagem:
Nissan vai cortar 9.000 empregos e reduzir producao global apos vendas fracas
Qual o significado disso? Isoladamente, como muitos gostam de analisar, dá a impressão que a Nissan não está indo bem no mercado, quando na realidade o seu faturamento só vinha crescendo no mundo todo. Mesmo no Brasil ela ocupa hoje a 8ª posição em vendas até agora, deixando para trás marcas conhecidas como:
9º Honda
10º BYD
11º Cherry/Caoa
12º Ford
13º Citroen
RAM... GWM, Peugeot, Mitsubishi, etc...
Portanto, a situação da Nissan é muito confortável aqui, não sendo uma marca de um carro só, todos os seus modelos vendem bem. Isso reflete ainda em investimentos, aberturas de novas fábricas no Brasil e lançamento de novos modelos nacionais. Ela investe forte aqui e demonstra confiar muito no nosso mercado.
Vejam que mesmo a BYD, com a sua forte agressividade comercial, já passou várias marcas, mas ainda está atrás da Nissan.
O que aconteceu de fato aqui?
Aconteceu o que eu já venho antecipando há muito tempo (e até o Ciro vem comentando também), isso mesmo, uma previsão minha vai se revelando de fato.
Essa imprensa nojenta e irresponsável, que se diz "especializada" mas hoje só junta curiosos para fazer as suas reportagens, vem há bastante tempo enaltecendo e vibrando com o sucesso das marcas chinesas, elevando o conceito delas e de forma estúpida favorecendo as suas vendas. Cada carro importado vendido aqui sem uma equivalente fabricação nacional é um carro a menos produzido no Brasil, e para quem não percebeu ainda, empregos dependem da indústria, e enquanto a China faz um sorriso largo, aqui as coisas vão de mal a pior. E quando eles falam em montar fábricas aqui... olha... você precisam conhecer o que são estas fábricas. Fabricação em regime de CKD, tecnologia de fora, componentes importados aos montes da China e quase tudo automatizado. Eles não são burros.
Mas, isso é só culpa da China? Não! Ela faz a parte dela que é empurrar o seu produto, e o consumidor compra se quiser.
E é esse o ponto... o consumidor.
Infelizmente, como já comentamos aqui, o consumidor é ingênuo, estúpido e faz escolhas péssimas, e isso não é só aqui, mas aqui é ainda pior porque a cultura local é bastante deficiente.
Assim, o consumidor compra e comemora o sucesso pela escolha de um carro chinês, ou mesmo de uma marca de importadores que sequer tem uma fábrica local. É rir da própria desgraça, o tal do efeito hiena que tanto falamos.
Não tenho dúvidas de que se não houver aqui uma intervenção séria do governo, como está fazendo a Europa e os Estados Unidos, esperar por uma conscientização do consumidor é perder tempo.
E se esta questão da preferência pelo Chinês ou pela compra de importadores que não produzem aqui continuar, a desgraça vai ser grande. Estou afirmando isso, não supondo. Podem anotar aí porque isso é certo, somente a imprensa e parte dos consumidores não enxergam isso.
O que acontece aqui com a Nissan não é um problema só dela. Quem é um pouco atento ao mercado automobilístico internacional está percebendo o caos que se criou com a concorrência predatória chinesa ou desonesta de algumas marcas até não chinesas, que querem ganhar sem nada produzir de fato, aproveitando-se da inocência do consumidor, ou a sua ganância, já que muitos se preocupam mais com o "negócio" em si do que com o carro ou a sua responsabilidade social.
Se o consumidor se acha esperto em comprar de quem nada produz aqui, mandando todo o valor resultante das vendas para uma empresa lá fora, então espero que seja velho o suficiente para não depender da miséria que logo chegará aqui, e que também não conte muito com o auxílio público, porque toda vez que um importado é vendido aqui, mais a cadeia econômica enfraquece.
Além disso, os seus filhos e netos passarão fome sem empregos.
Uma pena que a falta de consciência do consumidor nos obrigue a esperar por ações governamentais, muitas vezes com outros interesses.
E o pior é que a China não só empurra suas porcarias para o Brasil, mas também tem parado de comprar de fabricantes de fora, isso mesmo, não estou brincando. Basta ler o texto do link acima, se você não acompanhar as notícias do mercado internacional.
Como eu comentei, essa dificuldade da Nissan é algo geral. Todos viram recentemente as milhares de demissões da GM e de outras montadoras. Isso já começou há muito tempo e piorou mais há dois anos. A Nissan tem sentido o problema até menos que os demais tradicionais fabricantes, como podemos ver na sua colocação de vendas.
Vejam que o texto cita claramente que:
"As vendas globais da Nissan caíram 3,8%, para 1,59 milhão de veículos no primeiro semestre do ano fiscal, em grande parte devido a uma queda de 14,3% na China."
O texto ainda menciona situação semelhante da Honda:
"A Honda Motor reportou na quarta-feira uma queda surpreendente de 15% no lucro operacional do segundo trimestre devido a uma forte queda nas vendas na China."
Ou seja, além de querer vender de forma predatória para o mundo, a China deixa de comprar dos outros. Esperta, não?
Donos de Frontier não precisam se preocupar, porque a Nissan continua bem posicionada no mercado e tem investido muito no modelo, enquanto outras pouco mudaram ao longo dos últimos anos.
E como andam os demais fabricantes?
Volkswagen (notícia publicada há 4 dias):
CEO da Volkswagen diz que empresa precisa urgentemente cortar custos, após “décadas de problemas estruturais”
CEO da Volkswagen diz que empresa precisa urgentemente cortar custos, apos "decadas de problemas estruturais" | Noticias Automotivas
Ford (notícia publicada no mês passdo):
Crise à vista? Ford registra crescimento fraco e ações despencam
Crise a vista? Ford registra crescimento fraco e acoes despencam - O Cafezinho
GM (notícia publicada há menos de um mês):
GM quer acalmar acionistas diante de crise no mercado de carros elétricos
GM quer acalmar acionistas diante de crise no mecado de eletricos | Automotive Business
E é só pesquisar para ver que tem muito mais. Aqui só coloquei alguns exemplos bem recentes.
Algumas situações preocupam no Brasil também, e já merecem atenção. Se associar à China seria uma opção? Não. A situação da Ford no Brasil também é bastante complicada. Dona de apenas um modelo que mantém regularidade de vendas, todos os demais ficaram bem distantes das metas.
Uma recente reunião de acionistas da empresa exigiu mudanças urgentes na estratégia da empresa, sugerindo reduzir mercado (provavelmente investir somente nos EUA), e pressionar pelo fim da importação chinesa no país. Sim, mesmo tendo modelos fabricados na China, a empresa também sofre com o que está acontecendo, o que demonstra que se associar aos chineses também não é uma boa ideia.
Dentre as pautas apresentadas, uma exigência até mesmo de encerrar todas as atividades na America Latina. O custo operacional de alguns modelos não interessa para a empresa. A F150 é um exemplo disso, anunciada aqui com uma venda "fabulosa" inicial de 300 unidades (conhecemos esta história...), o modelo tem emplacamentos mensais variando entre 13, 14, 18, 41, com o máximo atingido em Abril com 67 unidades, quando houve a tal venda de 300 unidades. Concorrentes como Silverado e RAM 1500 venderam muito mais. Ou seja, nem localmente buscar uma solução chinesa ajudaria.
Somente a F150 vendeu nos EUA no primeiro semestre,ou, em apenas 6 meses, mais de 350.000 unidades. Ou seja, vende-se aqui apenas 0,007% do que se vende nos EUA, ou, em outras palavras... nada! Manter uma estrutura para isso é caro, o que deixa o modelo sem uma base funcional de peças e recursos, como aliás reclamam os proprietários deste e outros modelos da marca.
O colega Jairo colocou no grupo a reportagem recente: "Ford May Close All Plants In Latin America", e que trata dessa dificuldade dela conseguir crescer aqui, e do desânimo com a concorrência chinesa tomando conta e dificultando ainda mais as coisas para ela, pensando mesmo em encerrar definitivamente as atividades na região.
(Pickup Trucks Magazine Web).
Ou seja, reestruturar-se como importadora e reduzir custos também não é uma ideia viável, e o caminho não se mostra por aí também.
Então, como eu já havia previsto, a situação começa a ficar caótica, e um desastre se aproxima por aí.
A situação da Nissan ainda é bastante confortável, e ela tem parceiros fortes. Stellantis e Toyota também conseguem ter mais poder de fogo, mas ainda podem sofrer com tudo isso.
O que podemos fazer? Pressionar o governo para barrar quem não produz aqui também como faz hoje EUA de Europa? Eu acho difícil porque os interesses políticos seguem numa outra direção. Alguns regimes (não estou dizendo aqui) preferem o povo cada vez mais dependente do governo.
Então o que podemos fazer para mudar? Primeiro, devemos tomar consciência do problema, ver a realidade, e parar de comemorar a própria desgraça, e depois tentar convencer o maior número de pessoas para não comprarem de quem não produz aqui também, mas produção de verdade, não esse modelo chinês disfarçado de fábrica.
O que eu penso? Que isso também é difícil. Teríamos que mudar uma cultura já fortemente estabelecida, e de um público que tem dificuldades para evoluir além do "fazer um bom negócio" ou que vive de torcidinhas e manipulado pelo marketing dos fabricantes, e, principalmente, por essa nossa imprensa "especializada" nojenta, irresponsável, odiosa e até criminosa.
Então ninguém precisa vender a Frontier . Se a Nissan um dia quebrar, muitas irão primeiro. Saberemos bem antes. Palavra de quem já acertou isso uma vez mesmo com uma bola de cristal "descalibrada"