Minha opinião sobre isso eu não escondo faz muito tempo.
Acho ridículo alguns "padrões de segurança" que o mercado enaltece em detrimento de outros muito mais importantes. Neste ponto, o brasileiro, principalmente, sofre um atraso de algumas décadas.
Hoje de manhã (23.08.2019), ouvindo a Rádio CBN como faço todos os dias, ouvi uma reportagem sobre um acidente que ocorreu durante a noite onde morreram dois ocupantes de um veículo. Detalhe: estes dois ocupantes morreram queimados vivos, e alguns veículos que passavam no local pararam para prestar algum auxílio, mas, pasmem, nenhum tinha um extintor de incêndio para promover a extinção das chamas que começava a consumir o veículo.
Acidente com carros e caminhões deixa duas pessoas mortas carbonizadas na Rodovia Anhanguera, em Campinas
https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao ... inas.ghtml
Lembrando que uma resolução do CONTRAN de 2015 acabou com a obrigatoriedade do extintor de incêndio nos veículos. Lembro que muitos comemoraram a decisão na época, já que não precisariam mais gastar os R$ 25,00 reais para carregar o extintor a cada 5 anos e nem precisariam mais pagar multas por circular com o extintor vencido ou descarregado (patético).
Ironias assim acontecem em nosso país porque o brasileiro tem uma percepção insuficiente de segurança de trânsito. Basta ver a resistência que sofreu a obrigatoriedade do cinto de segurança quando foi implantado. Lembram-se das camisas que tinham uma faixa preta diagonal para similar um cinto de segurança e enganar os policiais? Muitos babacas se divertiram com isso. Houve quem tentou derrubar essa lei a todo custo.
Não precisamos ir tão longe, pois até pouco tempo o consumidor preferia comprar veículos com som e bancos de couro como opcionais, ao invés de airbags, antes deste item se tornar obrigatório.
Enquanto em alguns países o estojo de primeiros socorros (já tivemos isso aqui mas derrubaram também) e um curso sério, também, de primeiros socorros são exigências, por aqui alguns acham normal não ter extintor de incêndio nos veículos, e então assistimos situações lamentáveis como essa reportada hoje pela CBN. Desconhecem a importância de um bom estojo de primeiros socorros, capaz até de salvar uma vida num acidente.
Em outros países mais desenvolvidos o uso de extintor é obrigatório, e em alguns outros a obrigatoriedade é de duas peças, uma no interior do veículo e outra no porta-malas, quando houver. Estojo de primeiros socorros também é exigência em quase todo mundo.
Muitos fabricantes já adotam material antichama nos componentes internos do veículo, como no caso dos modelos mais equipados da Mercedes-Benz lá fora, e da Frontier no Brasil, que terão mais chances de evitar tragédias como essa acima.
A Frontier também usa para-brisa com proteção UV, pois como todos sabem, o maior aumento do índice de aumento de câncer de pele tem sido provocado pelo sol que atinge o motorista pelo para-brisa, como mostram inúmeros estudos sobre o tema, inclusive no Brasil.
Airbag de cortina é importante também, como qualquer outro acessório voltado à segurança. Já temos até bolsas infláveis externas já disponíveis no mercado internacional. Sabiam que existe até bolsa inflável para motoqueiro já disponível no mercado? Mas, vejam só, semana passada um amigo comprou uma moto, e eu falei para ele ter cuidado, pois vejo acidentes fatais de moto quase todos os dias. Sugeri para ele colocar aquela vareta alta que protege o pescoço do motorista contra linhas cortantes de pipas, algo muito comum no Brasil como todos sabem. Sabem o que ele me respondeu? "Ah, isso não. É feio demais !!!" Falar o que?
Eu, particularmente, concordo com a posição Ncap sobre a pouca importância do airbag de cortina no caso de uma picape. Acho que a estabilidade da Frontier, por exemplo, que é considerada referência hoje, deveria ser mais valorizada conjuntamente com suas outras virtudes de segurança. Mas, muitas vezes, capotar parece ser menos assustador para alguns do que uma rara colisão lateral de poucos efeitos num veículo alto.
E, lamentavelmente, vamos perdendo inúmeras vidas desnecessariamente, enquanto o multimídia, o banco de couro, o desenho das rodas, o som, e o design do botãozinho que regula o retrovisor for mais importante do que a segurança.
Fazer o que? Isso é Brasil.
Em tempo: todos os meus veículos possuem extintor de incêndio e estojo de primeiros socorros (inclusive com um medidor de pressão arterial), independente do que diz a lei.
Não há dúvida de que qualquer recurso adicional que tenha como objetivo aumentar a segurança dos passageiros de um veículo é muito bem-vindo. Num exagero nesta direção, poderíamos dizer que até um sistema de sprinklers embutidos no teto do veículo poderia ser a diferença entre a vida ou a morte num acidente, mas tem lógica pensar que coisas muito mais simples são muitas vezes desprezadas. Isso tem realmente muita lógica.
Também defendo o porte de extintor de incêndio nos veículos, além do estojo de primeiros socorros.
Mas, também vejo que o uso que se faz do veículo faz muita diferença, assim o risco de uma colisão frontal em alta velocidade numa rodovia é muito maior do que uma colisão lateral. Já num perímetro urbano, uma colisão lateral em baixa velocidade me parece mais comum do que uma colisão frontal em alta velocidade. Imagino eu, pois não tenho dados estatísticos sobre isso.
No perímetro urbano eu ando muito tranquilo (devagar mesmo) e bem atento, mas na estrada eu realmente ando mais rápido. No meu caso entendo que o maior risco é de um acidente em alta velocidade numa rodovia.
Como dirijo muito, obviamente e naturalmente, já levei muitos sustos na estrada, mas me sinto relativamente seguro na Frontier hoje. Ela é alta, tem uma construção mais robusta do que um veículo de passeio, uma estabilidade realmente elogiável e é muito firme. Já passei por algumas situações inesperadas e fiquei positivamente surpreso com a boa reação dela, em parte pelo excelente controle de estabilidade e pela suspensão traseira, eu acho. Será muito difícil eu voltar para veículos de passeio ou esportivos baixos um dia.
Acho que o Edu se esqueceu apenas do, não menos importante, curso de direção defensiva. Mas, não este quase inútil oferecido nos cursos de auto-escola. Eu fiz dois cursos, um há muito tempo em uma escola em São Paulo, quando eu curtia mais a condução de esportivos, e outro que me foi oferecido pela Chevrolet há alguns anos. Acreditem, é um excelente investimento.
Abraços a todos os amigos.