Postado originalmente por Sergio c
), obrigando ela a participar e rever o projeto e fazer um "meia boca" melhorado, que aqui manteve até o nome para não queimar ainda mais a marca que já sofre de forte desconfiança do mercado, mas em muitos mercados lá fora trocaram até o nome.
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Só quero complementar uma coisa. Enquanto a Nissan e outros fabricantes nos EUA realizam ações contábeis e estratégicas comerciais, a Ford, que você citou como exemplo de estratégia de obtenção de lucros indiretos, é uma história bem diferente. Inclusive isso foi assunto de um amplo debate no nosso grupo de whatsapp, e esse é o problema do whatsapp, mais uma excelente discussão que acaba restrita e perdida no tempo, e não presente na internet para que todos possam consultar.
Enquanto essa ação da Nissan é algo bem comum lá nas terras de juros baixos e controlados (a Nike também fez isso há algumas semanas), aqui sim a situação é realmente "surreal".
Empresas aqui se aproveitam de lobbies, de leis um tanto questionáveis, de vantagens de toda espécie e da ignorância geral para agir em vantagens exclusivas de seus próprios interesses econômicos. Basta fazer uma simples pesquisa do porque a Audi foi embora do Brasil depois de estabelecer um parque industrial nas instalações da Volkswagen. Isso não é segredo porque a própria administração da Audi assumiu ter ido embora por não ter sido beneficiada com um incentivo fiscal, na época prometida, se não me engano pela então "presidenta". Sem benefícios, sem fábrica, simples assim. Só pesquisar na internet.
A Ford foi a mesma situação, mantinha carros no Brasil com 20 anos de projeto (ela parece gostar desse número), sem lançar nada realmente novo, porque o seu objetivo, como bem comentou o Bigsd, não era o produto, mas as vantagens advindas da sua operação.
Apesar de poucos comentarem isso e de parte da imprensa se calar, a aquisição da Troller teve como único objetivo a obtenção de mais vantagens fiscais, nada a ver com a tal propalada mentira do querer investir numa "promissora empresa nacional".
Para não dizerem que inventamos mentiras aqui (isso é com outro departamento), cito estas duas matérias de fontes confiáveis que abordam bem o assunto (existem outras):
Troller, o fim de um sonho de incentivos fiscais no Nordeste | Empresas | Valor Economico
Entenda o caso Ford | Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região
Só para entender:
"...com apoio do então senador Antonio Carlos Magalhães (PFL/DEM), ex-governador da Bahia, (a Ford) conseguiu reabrir o regime automotivo por meio da aprovação da Lei 9.826, de 23 de agosto de 1999, que deu à empresa prazo de três anos e meio para começar a produzir e usufruir dos benefícios tributários. A lei garantiu desconto de 35% no IPI para os carros montados na região até o fim de 2010. Além disso a Ford ganhou abatimento de 65% do ICMS até 2013 e o BNDES concedeu financiamento de R$ 1,3 bilhão.
Inicialmente, os incentivos negociados somavam R$ 700 milhões por ano -- mas o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), considerou a cifra exagerada e baixou para R$ 180 milhões/ano, segundo noticiou a imprensa na época.
Mas a Ford não desistiu de abocanhar mais incentivos e, durante 2006, articulou outro plano para ampliar os ganhos. Em 2 de janeiro de 2007 a empresa anunciou a compra da pequena fábrica cearense da Troller, mas não sem que, poucos dias antes, em 28 de dezembro de 2006, o governo tivesse aprovado a Lei 11.434, que no seu Artigo 8º prevê a transferência de incentivos fiscais a compradores das empresas adquiridas.
Assim a Ford herdou da Troller os benefícios da Lei 9.440, de 1997, com corte ainda maior no IPI para toda sua produção no Nordeste, equivalente a duas vezes o valor das contribuições devidas de PIS e Cofins.
No fim de 2009, em outra manobra política, com a promessa de investir R$ 4,5 bilhões em suas operações brasileiras, a Ford conseguiu prorrogar por mais cinco anos os incentivos fiscais que recebe na Bahia, depois de intensas articulações do governador baiano Jaques Wagner (PT) junto ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que aprovou a extensão em escala decrescente."
Acho que isso aqui eu nem vou precisar desenhar...
É, meus amigos... é uma vergonha, uma grande vergonha. É por isso que quando eu digo que essa marca deveria ser esquecida pelo brasileiro, alguns acham exageros. Você vende sucata apenas para obter dinheiro público, compra empresa para ampliar essa vantagem, tira o que pode, e depois fecha as suas fábricas, promete que vai vender a "promissora empresa nacional", mas fecha também (mesmo tendo interessados na compra), deixa desemprego, caos econômico, concessionárias falindo, consumidores com carros defeituosos sem solução e sem peças, traz carrinhos chineses e uruguaios para o Brasil, e ainda tem a admiração de um público consumidor aqui???? Nem vou dizer o que eu penso disso (é pesado), mas deveria.
Entendo, Bigsd, que o seu objetivo foi mostrar como é possível ganhar dinheiro com manobras diversas, mas no caso da Nissan, a manobra foi estratégica comercial, e a que você citou como exemplo foi um exemplo lamentável de manobra de exploração pública.
Importante deixar isso bem claro para que a Nissan não seja comparada a esse tipo de coisa e colocada no mesmo saco.
Vou agora acrescentar um exemplo de uma empresa, que conheci um dia... inclusive do setor de autopeças, que comprava componentes nos estado unidos que valiam 1 dólar, mas ela pagava 5 dólares, e vendia aqui por 4,90 dólares. Com a demonstração de prejuízos, ela obtinha uma série de benefícios aqui... e quem ficava com o lucro alto limpinho (nosso dinheiro) sem fazer força???
Essa se precisar desenhar, eu desenho
Por isso tenho tanta decepção de coisas que acontecem aqui. O povo é... sei lá o que... Por isso valorizo uma Nissan que aposta aqui, desenvolve mercado, compartilha tecnologia industrial, investe aqui, e produz carros aqui que são exportados para o mundo. Tenho orgulho de comprar uma Frontier porque sei que é um caminho de duas vias, compramos e vendemos (Brasil). Não há esperteza só de querer vender aqui e explorar o nosso mercado.
Espero ter esclarecido melhor esse ponto que só reforça (mais uma vez como sempre) tudo o que sempre dizemos aqui. Foi uma ótima oportunidade para isso
, sou muito bem tratado aqui. Tenho todo o suporte que preciso, contrato quem eu quero, faço todos os cursos e participo de todas as palestras que quero, e a nossa vida pessoal é muito respeitada, tiramos muito mais dias de férias do que o previsto em lei, e o nosso diretor nos cobra por essa vida equilibrada.
