Venho relatar uma breve história e que pode servir como um aviso.

Recentemente comprei uma Pajero Sport com motor 4m40 e na segunda manutenção que realizei no carro, solicitei a troca do liquido de arrefecimento. 2 dias depois, fiz um passeio até a pedra grande em Atibaia. Para chegar no topo da pedra você passa por uma trilha bem íngreme. Não é uma trilha difícil, eu já havia feito o mesmo trajeto com um fox 1.0 sem nenhum problema.

Quando cheguei no topo, ao deligar o carro percebi que havia alguma coisa fervendo. Abrir o capô, e o vazo de expansão parecia uma chaleira. Esperei o carro esfriar enquanto tirávamos fotos. Verifiquei novamente o vazo de expansão e o mesmo havia baixado uns 200ml de liquido. Detalhe, o termômetro do painel não passou do meio durante a subida e nem após ter parado o carro.

Continuei andando com veículo pela cidade de Atibaia e percebi que o A/C havia parado de funcionar (normalmente isso acontece quando o motor está muito quente). Cheguei em São Paulo e decidi abrir a tampa do radiador. Para a minha surpresa o mesmo precisou ser completado com quase 2,5 litros de água.

Depois desse incidente, comecei a perceber que o liquido de arrefecimento ia para o vazo de expansão, porém não retornava para o radiador. Em alguns momentos o tanque de expansão enchia até vazar pelo ladrão. Isso só acontecia quando pegava estrada.

Antes de comprar o carro eu pesquisei bastante, e cheguei na conclusão que todos os motores a diesel da década de 90 início dos anos 2000 que tem cabeçote de alumínio não aceitam temperaturas altas, pode ser motor Mitsubishi ou Toyota. Quando comprei o carro pesquisei bastante para achar um com pouca quilometragem e bem cuidado. Antes de fechar o negócio na minha Pajero, eu fiz o teste do copo com água para identificar possíveis trinca no cabeçote ou junta queimada. Esse teste nada mais é do que tirara a mangueira do tanque de expansão e colocar dentro de um copo com água com o motor ligado (ainda frio) e analisar para ver se não sai borbulhas pela mangueira. Ou seja, o carro estava perfeito sem nenhum problema. Após a compra, rodei quase 4mil km antes de fazer a troca do liquido de arrefecimento. O liquido de arrefecimento sempre fez o ciclo correto, quando muito quente e com uma pressão maior que 0,9 bar o liquido ia para o vazo de expansão e quando o motor esfriava, o liquido retornava para o radiador.

Conclusão, o cabeçote estava com uma micro trinca. Levei o carro para fazer um orçamento para a troca do cabeçote e tudo ficaria em R$ 5.700,00.

Comprei as peças e eu mesmo realizei o trabalho junto com um amigo. Demoramos 16 horas para fazer todo o trabalho. Inclusive desmontar as válvulas do cabeçote trincado e montar no cabeçote novo. Fiz também o esmerilhamento das válvulas para dar uma vedação perfeita na câmara de combustão.

Terminamos o trabalho por volta das 23hrs, como estava muito tarde e eu precisava retornar para a minha casa, completamos o radiador com liquido de arrefecimento, deixamos o carro funcionando até a termostática abrir e terminamos de completar o radiador e o tanque de expansão. Nesse primeiro momento não deu tempo de sangrar o sistema.

Depois de rodar 14km, cheguei em casa. Ao sair do carro ouvi um barulho de ar vasando e quando abri o capô, o liquido de arrefecimento no tanque de expansão estava borbulhando do mesmo jeito que borbulho na pedra grande em Atibaia.

No dia seguinte, abri o capo do carro e quando observei o tanque de expansão, havia abaixado aproximadamente 150ml de liquido. Como não havíamos sangrado o sistema na noite anterior por falta de tempo, decide então fazer o trabalho. Encachei um funil na boca do radiador enchi com liquido, acionei o ar quente da cabina e deixei o carro funcionando. Para minha surpresa saiu bastante ar do sistema. Chegou uma hora que o líquido ficou parado e não surgiram mais bolhas. Logo, saí com carro e peguei a Anchieta para rodar um pouco na estrada. Dirigi aproximadamente 60km. No final do trajeto, abri o capo da Pajero e tudo estava funcionando normalmente. Até o presente momento já rodei 2000 km e zero problemas.

Nenhum cabeçote trinca por acaso, tudo tem o motivo. E no meu caso, eu tenho certeza que foi por culpa do mecânico “profissional” que trocou o liquido de arrefecimento e não sangrou o sistema corretamente. Ficaram algumas bolhas presa no cabeçote e ao forçar o motor na subida, essas bolhas de ar permitiram que o liquido fervesse (o ponto de ebulição do liquido muda quando tem ar no sistema) e com isso cabeçote esquentou em um ponto localizado (aonde o ar estava preso) ocasionando a trinca.

Então galera, muito cuidado no momento de trocar o liquido de arrefecimento, um trabalho simples como este pode custar caro!

Observações:
1. O meu motor com 150mil km e 17 anos estava todo lacrado. O cabeçote estava limpo (sem borra). As paredes dos cilindros e o comando de válvula estavam sem nenhum risco ou marcas. O motor realmente estava muito bem cuidado o que me deixou triste por ter que trocar o cabeçote de um motor que estava todo original.
2. A qualidade da usinagem (acabamento) do cabeçote da MANDO é muito superior ao do cabeçote original da Mitsubishi. Muito provavelmente a qualidade construtiva (fundição) da peça é muito melhor também.

3. Valores:
-Cabeçote MANDO – R$ 1636,00
-Junta Ajusa – R$ 257,00
-Parafusos AMC – R$233,00