Postado originalmente por
cezar londrina
conforme o post:
http://www.4x4brasil.com.br/forum/sh...ad.php?t=29564
1. (...) a relação é original,(inclusive parece que nunca foi usada muito pouco se foi) meu mecanico abriu e tá tudo zero, conforme fotos (...)
2. (...) então... a relação ficou muito curta... o jipe tem força excessiva mas nao dá 70 km/h de velocidade... a relação original que tá nele é 8x35, a do "J" original me parece que é 8x43 (...)
3. (...) a sugestão do mecanico foi trocar os eixos por eixos "Dana" da rural ou da F-75, por ter mais opções de troca de coroa e pinhão. (...)
4. (...) Acontece que vou ter de comprar eixos já bem usados, e são caros
pra caramba... e terei de dispor dos dois eixos zerados, inclusive com bloqueio (...)
Caro Cezar,
Este é um velho dilema para quem atualiza a motorização do Jota, no teu caso, do Auverland...
Vamos por partes, conforme seu post reproduzido acima (que tomei a liberdade de editar e numerar e levando em conta seu “power train”, composto por: 1) motor Toyota 14B; 2) caixa de câmbio e transferência da LR Defender (como bloqueio central) e 4x4 permanente (integral); 3) eixos Carraro originais, porém com relação mais longa do que as originais usadas pela JPX (no caso é um Auverland - relação 35x8 = 4,375 / contra 43x8 = 5,375 dos JPX Montez), então:
1. As fotos realmente demonstram uma relação de diferencial pouco usada, ou ao menos muito bem conservada. É uma relação Carraro mais longa do que as utilizadas no Brasil pela JPX para o nosso Montez. Só para lembrar, o Auverland A-3 francês possuiu na Europa, várias opções de relação de diferencial, indo de 3,55 a 6,14 (fornecidas pela italiana Carraro) sendo esta sua a mais comum para o A-3 1992-1996 (que deve ser o caso), com motor e caixa Peugeot e T-case Auverland A-80.
2. A relação realmente deve ter ficado bem reduzida. Você tem muita força e pouca velocidade, portanto. O que vai resolver o seu problema neste caso é ofator coroa/pinhão a ser usado no diferencial, que chamamos de relação de diferencial, que vem de um cálculo que deve utilizar basicamente 3 variáveis, conforme abaixo:
a) rotação do motor na velocidade de cruzeiro desejada (p/ estrada normalmente usamos como base a 4a. marcha, que via de regra é 1:1) - dependerá do propulsor usado, normalmente algo em torno de 10% abaixo da rotação de potência máxima. Não sei a rotação de potência máxima do Motor Toyota 14B, mas considerando o que o João falou, vou usar como base 3500 RPM;
b) a combinação da relação da caixa de câmbio (para 4a. marcha geralmente 1:1) com a relação da T-case (aqui teremos a redução que a caixa de transferência aplica ao conjunto). Neste item temos que ponderar, conforme já citou o amigo Joãoponeiz,
que a T-case da Defender reduz também em "high" (alta), já que fica sempre acionada (tração integral). Teremos, portanto, duas reduções potenciais: a da caixa de câmbio e a da T-case. Se usarmos 4a. marcha para o cálculo como referência (como já citado) temos 1:1, ficando na prática somente com o fator de redução da T-case. No caso da LR Defender, as informações que tenho (não sei se são 100% precisas - o pessoal das LR bem que poderia nos ajudar nessa missão
) são de que a sua relação de saída em "high" é de
1:1,410 para a caixa de transferência modelo LT230;
c) o diâmetro dos pneus a serem usados na viatura (sim, o diâmetro dos pneus influi, e bastante - quanto maior o diâmetro mais se alonga a relação, "soltando" a viatura, portanto pneus pequenos a "amarram" mais...).
Dessa combinação deverá sair a relação de diferencial ideal para o conjunto, dentro dos parâmetros de desempenho desejados/especificados (vou chamar na nossa equação de RD apenas). Aqui vou considerar adiante, como exemplo, um pneu de 31 polegadas de diâmetro (0,7874m), já que não foram especificadas as medidas do pneu a ser usado no jipe.
Então nossa fórmula base será:
V = RPM x RFC x RD x C
onde:
V = velocidade (em metros/minuto), onde 1 Km/h = aprox. 16,6667 m/min;
RPM = rotação do motor por minuto, à rotação de trabalho desejada (no nosso caso iremos considerar a RPM de potência máxima menos 10%);
RFC = relação final de câmbio, que é composta pela multiplicação da relação da caixa de câmbio (na marcha desejada de trabalho para a RPM indicada/desejada) pela relação da T-case (nas mesmas condições) – é um fator adimensional;
RD = Relação de diferencial (no caso é a incógnita que desejamos descobrir) - adimensional;
C = comprimento do pneu, que é = Pi (nr. grego = 3,1416) x Diâmetro do pneu (em metros)
Vamos então para o nosso cálculo de exemplo:
Parâmetros:
Velocidade de cruzeiro desejada: 90 Km/h 1500 m/min;
RPM de trabalho desejada (a 90 Km/h): 3500 (RPM Máx) - 350 (10%) = 3150 rotações por minuto;
RFC: 1 (relação da caixa de câmbio em 4a. marcha) x 0,7092 (relação em "high" da T-case), totalizando 0,7092 (adimensional);
RD: nossa incógnita;
Comprimento do pneu: 3,1416 x 0,7874m = 2,4737 metros;
Transcrevendo isso para a fórmula:
1500 = 3150 x 0,7092 x RD x 2,4737
1500 = 5526,1963 x RD
RD = 1500 / 5526,1963
RD = 0,2714
Nossa relação ideal para as circunstâncias acima será então 1 / 0,2714, ou seja, 3,6845. Como entre as relações de diferencial da família Dana, por exemplo, não temos exatamente essa relação obtida no cálculo, o ideal seria, na prática, usar uma relação 3,54 (46x13) ou 3,73 (41x11), que seriam as mais próximas abaixo e acima, respectivamente, lembrando que, dependendo da opção, estaremos privilegiando, a priori, o desempenho para alta velocidade ou para força, também respectivamente.
LEMBRAR QUE A RELAÇÃO CITADA É A IDEAL PARA OS PARÂMETROS ELEITOS ACIMA, que devem ser ajustados conforme as variáveis e a necessidade do interessado. Atentar sempre para as unidades a serem usadas no cálculo (metro e minuto), convertendo-as previamente, sob pena de divergências sérias nos cálculos. CONFIRMAR, AINDA, A RELAÇÃO DA T-CASE USADA, pois como citei, foi usada como exemplo no cálculo a T-case modelo LT230, que pelos dados que tenho possui relação 1:1,410. Pelo que sei existem várias séries de LR Defender, nacionais e importadas e, entre estas últimas, lotes importados da África do Sul e da Inglaterra. Ouvi certa vez que haviam dois modelos de T-case utilizadas e, que num delas, havia duas opções de relações de câmbio. Necessário, portanto, confirmar a relação da T-case usada...
3) Como também já citou o João, no Brasil temos apenas 2 relações de diferencial disponíveis para os eixos Carraro originais dos Jotas: a 43x8 (5,375) original de fábrica da JPX para o motor XUD-9 e a 41x10 (4,10), mais longa, fabricada pelas empresas Mevi e Coniflex, para uso com motorizações mais fortes. FORA ISSO TERÁ QUE USAR OUTRO EIXO POR FALTA DE RELAÇÕES ADEQUADAS à disposição no mercado nacional. A sugestão por um eixo da família Dana 44 feita por seu mecânico faz todo o sentido dentro deste contexto, pois é a linha que mais tem opções de relações (11 no total) para coroa-pinhão no mercado nacional, indo do 3,07 ao 5,88... Além, é claro, da facilidade de encontrar peças de reposição. Nada impede, entretanto, que se usem eixos de Defender ou de Toyota Bandeirante, via de regra mais caros...
Outra opção dificilmente levada em conta mas que poderia ser cogitada é a importação de uma relação da fábrica italiana. Não sei se compensaria dados os custos da peça, impostos e frete envolvidos...
4) Pesquisando você consegue eixos Dana 44 ou Toyota usados em muito bom estado e com preço justo, especialmente os Dana 44, já que vários utilitários usam estes eixos. Se a opção for Dana, eu particularmente levaria em conta os Dana 44 de jipe CJ em função da bitola (largura), conjuntamente com rodas de off-set negativo, especialmente se for usar pneus de largura mediana, apesar que isso é questão de gosto. Os eixos de Rural e F-75 diferem dos demais Dana 44 em função de sua bitola maior, projetando os pneus mais ou menos para fora dos pára-lamas, exigindo adaptações nas polainas das caixas de rodas para se adequar à legislação de trânsito vigente. Ademais estes teus eixos Carraro valem um bom dinheiro no mercado de reposição para JPX, especialmente por terem já relação de diferencial mais longas que as originais 43x8 dos JPX. Quanto ao fato de terem bloqueio, os 75% de deslizamento limitado que vem de fábrica não é assim “uma Brastemp”. Com um pouco mais de investimento (a velha lógica do já que tá, vai... ) dá para instalar um Full Lock, um Kaiser ou um Micromaq que vão te trazer um desempenho muito melhor...
Desculpem o tratado enciclopédico . Espero ter ajudado.
Grande abraço,