On-board diagnostic system (OBD)
________OBD é a nomenclatura de um sistema de auto-diagnóstico e notificação desenvolvido para veículos automotores. O sistema OBD permite ao proprietário do veículo ou a um técnico ou mecânico acessar informações a respeito das condições de funcionamento de vários subsistemas dos veículos.
________A quantidade de informação de diagnóstico disponível via OBD variou bastante desde a introdução das primeiras versões do sistema, na década de 80. Versões anteriores do sistema simplesmente iluminavam o indicador Check Engine, ou MIL (Malfunction Indicator Light), quando um problema era detectado - mas não repassava informações quanto à origem do problema.
________Em versões mais modernas, a porta de comunicações foi padronizada, incluindo os códigos de erro (DTC - Diagnostic Trouble Codes), o que em conjunto com a capacidade de monitoramento em tempo real através da porta digital, permitia a rápida identificação e solução de problemas no veículo.
________A partir de 1991, o protocolo OBD-I se tornou obrigatório em alguns países, mas não havia padrão na porta de conexão, nos códigos de erro e nem mesmo na identificação do sistema, que ainda não era chamado OBD.
________A partir de 1 de Janeiro de 1996, os EUA passaram a exigir o sistema OBD-II como requisito obrigatório em todos os veículos automotores. Na Europa, foi adotado o padrão EOBD, a partir do ano de 2001. No Japão foi adotado uma variação denominada JOBD. Nos demais países, alguns adotam o mesmo padrão americano, e alguns não possuem legislação específica a respeito, como é o caso do Brasil, onde vemos nas ruas veículos com padrões diversos.
Interfaces:
ALDL
________Considerado o precursor do OBD, o protocolo ALDL (Assembly Line Diagnostic Link) foi criado pela GM em 1981. Sua interface variou e mudava a cada nova geração de módulos de gerenciamento (ECUs) da empresa. Não havia padronização nem das portas nem no protocolo digital para comunicação.
OBD-I
________O objetivo principal do sistema OBD era encorajar os fabricantes de automóveis a projetar sistemas confiáveis de controle de emissões, e que permanecessem efetivos ao longo da vida útil do veículo. A esperança era que, forçando-se o teste anual de emissões (como a Inspeção Veicular sendo implantada no Brasil), e negando o registro de veículos rejeitados no teste, motoristas tenderiam a comprar veículos mais eficientes que fossem aprovados na inspeção. O sistema OBD-I fracassou de certo modo, devido à fragmentação e falta de padronização entre as fabricantes e a falta de informação específica do sistema. Dificuldades técnicas na obtenção de informações precisas relacionadas às emissões de todos os veículos levaram à incapacidade do sistema em funcionar como o planejado junto às inspeções veiculares.
________Antes do lançamento do OBD-II, foi utilizado um protocolo chamado de OBD-1.5, que era um protocolo OBD-I, com partes do protocolo OBD-II implementadas. Estes veículos podem ser lidos tanto com um scanner OBD-I como com um OBD-II, variando as informações que cada scanner consegue identificar.
OBD-II
________O protocolo OBD-II ou OBD2 é uma evolução do OBD-I tanto em capacidades como em padronização. O padrão OBD-II especifica o tipo de conector utilizado e sua pinagem, os sinais elétricos disponíveis e o formato de comunicação. Ele também especifica uma lista de parâmetros do veículo que devem ser monitorados, além de instruções sobre como cada tipo de dados do veículo deve ser armazenado.
________Existe um pino no conector que transmite energia da bateria para o scanner, de modo que não é necessário estar próximo a uma fonte de energia para se utilizar o dispositivo. Em oficinas, com a gravação de grande volume de dados e sistemas computadorizados mais complexos, ainda se usa equipamentos não-móveis para garantir o registro dos dados em caso de falta de energia.
________Além disso, o padrão OBD-II estabelece uma extensa lista de DTCs, os códigos de erro indicados pelo sistema. Como resultado dessa padronização, um scanner OBD-II pode ler o sistema de qualquer veículo compatível, independente da marca.
EOBD
________O padrão EOBD é uma variação do OBD-II exigida na Europa desde 2001 para motores a gasolina e 2003 para motores a diesel. Desenvolvido baseado nos padrões de emissões Euro V e Euro VI, foi desenvolvido para garantir emissões menores que as exigidas nos padrões anteriores Euro III e IV. EOBD é uma abreviação de Europe On-Board Diagnostics, ou Sistema Europeu de Diagnóstico Embarcado. Alguns fabricantes que utilizam os canais adicionais para comunicação com seus equipamentos chamam o sistema de EOBD2, apesar de ambos serem baseados no OBD-II.
________A especificação OBD2 define um conector físico padronizado - o conector fêmea de 16 pinos (2x8) J1962. Diferente do conector OBD-I, que normalmente se encontrava dentro do cofre do motor, é exigido que o conector do padrão OBD2 fique a no máximo 0.6m do volante do veículo, de modo que o conector esteja sempre ao alcance do motorista. A norma SAE J1962 define a pinagem do conector:
1. Reservado ao fabricante
2. Data + VPW
3. ECU +
4. Neutro da carroceria
5. Neutro do sinal
6. Rede CAN upstream
7. Data K ISO (serial)
8. Reservado
9. Reservado
10. Data - VPW
11. ECU -
12. Reservado
13. Reservado
14. Rede CAN downstream
15. Data L ISO (serial)
16. Voltagem da bateria
________Os pinos reservados são utilizados por cada fabricante de maneira diferente. A Chrysler por exemplo, os utiliza para a comunicação com seu scanner próprio, o DRB-III ou o mais recente StarScan.
O protocolo OBD2
________Existem cinco protocolos de sinais possíveis de serem utilizados na interface OBD2: PWM, VPW, ISO 9141-2 e ISO 14230 (similares ao RS-232), além do protocolo de comunicação de redes CAN. A maioria dos veículos utiliza somente um destes protocolos.
Dados disponíveis
________O protocolo OBD2 permite acesso à dados da ECU e é uma valiosa fonte de informações relativas à problemas em um veículo. A norma SAE J1979 define o método de requisição de dados de diagnóstico e uma lista dos parâmetros padrões disponíveis nas ECUs. Os diversos parâmetros que podem ser consultados (RPM, temperatura, etc) são identificados como números de identificação de parâmetros (PID - Parameter Identification numbers). Não é exigido que todos os fabricantes implementem todos os PIDs listados na norma e lhes é permitido incluir PIDs proprietários não listados na norma. O sistema de requisição e consulta a dados dos PIDs permite o acesso em tempo real às informações de performance do veículo, bem como códigos de erros DTCs que tenham sido identificados.
Aplicações
________Existem diversas ferramentas disponíveis que se conectam ao sistema OBD para acessar suas funções. Estas ferramentas variam de simples scanners direcionados ao uso "caseiro" até os sofisticados sistemas de análise existentes em concessionárias.
Dispositivos portáteis
________Há uma ampla gama de dispositivos portáteis de leitura do padrão OBD2:
- Leitores de erros simples, feitos para uso pessoal, que simplesmente exibem os códigos de erro detectados
- Scanners profissionais que possuem funções mais avançadas, incluindo gravar configurações específicas e controlar outros sistemas (ABS, Air-bag)
Ferramentas de conexão a computadores
________São dispositivos intermediários que permitem a conexão de um computador a um sistema OBD2, convertendo os sinais do conector OBD em dados enviados através de uma porta serial, USB ou sem fio via Wi-fi / Bluetooth. O software instalado no computador lê então os dados do sistema e traduz isto em interfaces gráficas de análise de dados. Muitos desses dispositivos são baseados no circuito ELM ou STN1110, que interpretam todos os modos do protocolo OBD2.
________Além das funções compartilhadas com um dispositivo portátil, a análise via software em um computador permite a gravação de grandes quantidades de dados, visualização de mais informações simultâneas devido às telas maiores, e a habilidade de se utilizar mais de um programa para analisar diferentes informações.
________Assim como nos scanners de cada marca, existem softwares específicos que conseguem acessar os dados dedicados de cada marca de veículo. Enquanto um cabo de conexão OBD pode ser encontrado por preços baixos para ser utilizado com softwares dedicados ao protocolo, o preço de um software profissional para uma marca pode ultrapassar até mesmo o custo de um scanner portátil da mesma.
Gravador de dados
________Um gravador de dados, conhecido como Data Logger, é um dispositivo utilizado para registrar informações de uso do veículo durante sua operação normal, por longos períodos de tempo para análise futura. Suas aplicações incluem:
- Monitoramento de motores e sistemas de veículos em operação normal, com o propósito de ajustes ou detecção de erros
- Algumas companhias de seguro oferecem descontos no valor do seguro para clientes com o dispositivo instalado
- É utilizado para monitorar o comportamento de motoristas em frotas de empresas
________Algumas empresas utilizam o sistema como uma "caixa-preta" automotiva, utilizando-se dos dados para análise após um acidente, infração de trânsito ou falha mecânica.
Inspeção veicular
________Em alguns países, utiliza-se o protocolo OBD2 para verificar o controle de emissões do veículo, ao invés do tradicional teste na saída do escapamento. Como a ECU grava dados relativos à falhas no sistema de emissões, e as informações de níveis adequados ou não aos limites, o sistema é utilizado como teste na comparação com os dados ideais para cada veículo.
Instrumentação adicional
________Atualmente o protocolo OBD é bastante utilizado por entusiastas automotivos na instalação de sistemas para complementar os instrumentos disponibilizados pelo fabricante no veículo. Ao contrário do uso de um scanner para diagnóstico, o protocolo é utilizado para acompanhar informações como carga da bateria, vácuo da admissão, etc., durante o funcionamento do motor, em tempo real.
________Esta instrumentação adicional baseia-se no uso de computadores de bordo (trip computers), computadores automotivos (Car-PCs) ou interfaces com celulares, PDAs e tablets, além da possibilidade de conexão a aparelhos GPS.
OBD2 em veículos Chrysler
________Entre 1986 e 1991, a Chrysler adotou o sistema de ECU Renix, fabricado por uma parceria entre Renault/Bendix, considerado um precursor do OBD-I. Este sistema servia apenas de controle dos sistemas do veículo, e não possuía funções de diagnóstico. Em 1991 foi adotado oficialmente o sistema OBD-I nos veículos Chrysler, até o ano de 1996, quando foi adotado o protocolo OBD2.
________Nas Cherokees e alguns veículos da marca, o sistema OBD2 possui um modo de auto-diagnóstico, onde é possível ao próprio proprietário verificar os códigos de erro no painel do veículo, sem necessitar de um scanner para tal diagnóstico. Este procedimento possui diversas variações em sua execução de acordo com o modelo do veículo / ECU, e em veículos pós-98 a fabricante dificultou o acesso aos códigos de erro, forçando o uso de um scanner para tal verificação.
________Nestes veículos, o conector OBD2 geralmente é encontrado embaixo do painel, próximo ao encontro do painel com a carroceria ou da trava de liberação do capô.
________Os códigos de erro, ou DTCs, normalmente são registrados após o indicador Check Engine ter sido acionado. Os dados fornecidos pelo sistema OBD2 geralmente indicam o equipamento com falha, a origem do problema ou ao menos fornecem uma orientação quanto a onde procurar a falha, economizando tempo e custo em manutenção. Com a crescente disponibilidade de leitores OBD2 cada vez mais baratos, está se tornando mais acessível diagnosticar o próprio veículo em casa e efetuar pequenos reparos e testes. Nos veículos Chrysler, a fabricante adotou o termo PCM (Powertrain Control Module - Módulo de controle do conjunto mecânico) ao invés de ECU para designar o módulo principal, conhecido por "módulo de injeção" ou "módulo central".
A luz Check Engine
________Nas Cherokees, existe um indicador no painel responsável por sinalizar falhas no veículo. Esta luz é chamada Check Engine ou MIL (Malfunction Indicator Lamp - Lâmpada Indicadora de Mal-funcionamento). Dependendo do veículo, esta lâmpada pode ter diferentes símbolos. O acendimento desta lâmpada indica ao condutor do veículo que um DTC foi registrado no sistema OBD2 referente ao mal-funcionamento de algum dispositivo ou algum problema com as emissões do veículo. A lâmpada Check Engine é controlada por um transistor na placa do painel de instrumentos, independente do PCM, e é ativada quando o painel recebe o aviso do PCM de que um problema foi detectado.
________A luz Check Engine pode ser ativada pelos seguintes motivos:
- Teste da lâmpada: Cada vez que a chave ativa a posição ON no veículo, a luz é ativada por aproximadamente três segundos, para testar seu funcionamento.
- Sinal de DTC: Quando o painel de instrumentos recebe a mensagem do PCM de que um problema foi detectado, ele é responsável por ativar a lâmpada Check engine; a lâmpada pode piscar ou ficar acesa constantemente, dependendo do tipo de erro detectado. Para alguns DTCs, se o problema não se repetir ou não for mais detectado, o PCM envia um sinal de desligamento da lâmpada automaticamente. Outros DTCs manterão a lâmpada ativada até que o problema seja inspecionado e o PCM seja reiniciado. Este procedimento de reinício ou "reset" do PCM pode ser efetuado desconectando-se os cabos da bateria por alguns minutos.
- Problema de comunicação: Caso o painel de instrumentos do veículo não receba mensagens de manter a lâmpada Check Engine acesa ou apagada por vinte segundos consecutivos, a lâmpada será acesa automaticamente pelo próprio painel, para indicar a perda de comunicação com o PCM. A luz permanece acesa, controlada pelo painel de instrumentos, até que seja restabelecida a comunicação do painel com o PCM.
Funcionamento da luz Check Engine
________O sistema de controle de erros do PCM monitora constantemente diversos equipamentos e dispositivos do veículo, através de testes que são executados continuamente durante o funcionamento do mesmo. Estes testes são conhecidos como "two trip monitors" ou "registro de múltiplas ocorrências", pois são testes que registram um DTC após mais de uma ocorrência do mesmo problema.
________Outros testes podem ativar a luz Check Engine após uma única ocorrência de falha; são chamados de "one trip monitors" ou "registro de ocorrência única".
________Um "trip" ou "ocorrência" é registrado quando o PCM identifica alguma falha, de acordo com seus parâmetros pré-programados. Certas condições como a tampa do tanque de combustível aberta ou inexistente, baixa qualidade de combustível, etc, são ocorrências que podem ocasionar o registro destes erros ao se dar partida no veículo, e podem ativar a luz Check Engine temporariamente, geralmente desaparecendo após pouco tempo ou quando de nova partida no veículo.
________Se a luz permanecer acesa ao longo de várias partidas e durante a operação do mesmo, o problema deve ser inspecionado o quanto antes. Na maioria das situações de registro de um DTC e acendimento da luz Check Engine, o veículo continua funcionando normalmente mesmo com a luz ativada. Apesar disso, dirigir o veículo por muito tempo com a luz Check Engine indicando um erro pode causar danos ou piorar danos existentes no veículo, principalmente em seu sistema de controle de emissões. Também pode afetar o consumo de combustível e a dirigibilidade do veículo. É necessário que se faça o reparo do veículo o quanto antes no caso de indicação de um DTC.
________A luz Check Engine piscando continuamente durante o funcionamento do veículo indica danos no sistema de emissões, causando danos ao catalisador e alertando sobre uma provável perda de potência do veículo, devido aos sensores O2 e outros equipamentos serem afetados. É necessário o reparo imediato do veículo neste caso.
Obtendo os códigos de erro (DTCs)
________O procedimento para verificação dos DTCs no próprio veículo varia entre os modelos da marca. Abaixo são descritos algumas variações:
- Coloque a chave na ignição e gire três vezes da posição OFF para ON. Os códigos serão indicados nos dígitos do odômetro do veículo. Em caso de veículos mais antigos, sem odômetro, a luz Check Engine pisca para indicar os códigos com o número de piscadas, com espaços mais longos entre cada código.
- Em veículos mais modernos, pode ser necessário girar a chave quatro ou cinco vezes da posição OFF para ON para executar o diagnóstico.
- Em alguns veículos é necessário que o freio de mão esteja ativado para permitir a exibição dos códigos no painel.
- Em alguns veículos, o teste de diagnóstico é efetuado após o teste dos instrumentos do painel; com a chave na ignição, pressione e segure o botão RESET do odômetro e gire a chave para a posição ON. Após um bipe, o painel vai efetuar um teste interno dos instrumentos e lâmpadas, e em alguns veículos os códigos de erro são exibidos após este teste.
- Veículos mais antigos (XJ,ZJ,etc) exibirão os DTCs de dois dígitos (ex: 12, 34, 55).. veículos mais novos utilizam códigos de quatro dígitos (ex: P0108, P0132).
Obs.: A tabela para identificação dos DTCs de XJ/ZJs pode ser encontrada neste tópico: http://www.4x4brasil.com.br/forum/je...portugues.html
Procedimento na XJ 97
Procedimento para WJs (2005 em diante gira a chave cinco vezes)
Procedimento para Cherokee antiga (sem odômetro, a luz Check Engine pisca com o código)
Procedimento em um Wrangler, sem odômetro
Removendo DTCs / desativar luz Check Engine
________Após três partidas sem detectar ocorrência do mesmo erro, a lâmpada Check Engine é apagada e o PCM automaticamente inicia uma contagem de partidas. Após 40 partidas do veículo sem ocorrência do problema, o registro do DTC é apagado da memória.
________Os códigos de erro podem ser apagados a qualquer momento utilizando-se um scanner OBD2 ou DRB-III. A limpeza da memória também apaga todas as informações do OBD2, como dados de partidas do veículo, ocorrências de erros e dados de Freeze Frame. Em caso de reparos, a luz Check Engine também pode ser apagada através de um "reset" no módulo, conforme descrito anteriormente.
Modo de segurança
________O PCM e TCM dos veículos Chrysler é programado com um modo de segurança, ou "limp mode", o qual é ativado no caso do módulo não conseguir identificar determinados dispositivos ou parâmetros do veículo, ou em caso de perda de comunicação com outros módulos. Neste modo, o PCM carrega dados pré-programados de funcionamento do veículo, para permitir sua operação e deslocamento de emergência até o local de reparo mais próximo.
________O TCM (Transmission Control Module - Módulo de Controle da Transmissão), que controla as transmissões dos veículos Chrysler, quando em modo de segurança, passa a funcionar como um câmbio manual. Na maioria dos veículos este modo pode ser ativado com a desconexão do conector do TCM; neste modo, as marchas do veículo passam a ser operadas manualmente pela alavanca de controle, requerendo que o condutor faça a troca das posições do câmbio de acordo:
Posição 1-2 : Primeira marcha
Posição 3: Segunda marcha
Posição D: Terceira marcha