Postado originalmente por
Daniel.Shimomoto
Bom...o negócio do motor HSD é o seguinte.
Esse motor HSD é um projeto da Land Rover, empregado no Defender, motor este que por sinal surgiu no ciclo otto e depois foi passado para diesel.
Quando a Ford adquiriu a Land Rover nos anos 90, claro que esse motor veio junto e no Brasil, a Ford encarregou a Maxion, fabricante dos motores Perkins a produzir sob licença esse motor, que primeiro saiu na F-1000 meio como balão de ensaio (tanto isso é verdade que apenas as F-1000 97 e 97/98 sairam com o HSD. As 98/98 eram MWM apenas, tanto em 4x4 quanto em 4x2. Na época chamavam esse motor de Maxion Rover.
Na F-1000 esse motor ficou mal afamado porque proprietário de F-1000 gosta de pisar e o MWM D229 aguenta elevados fatores carga (uso intenso exigindo alta potencia) enquanto o HSD não foi feito para isso. Então, a durabilidade dos High Speed Diesel (diesel de alta rotação) que é de longe, menor que os motores de baixa rotação, acabava menor ainda. Lembrando que o HSD foi o segundo high speed do mercado (o primeiro foi o MWM Sprint 6.07T na Silverado - também acometido por problemas de nascença). Na S-10 foi outro desastre. Com apenas 95cv ( era sem intercooler - pelo que escutei, esse foi uma das condições impostas a Maxion pela Ford poder vender o HSD para a GM), o HSD conseguia ser mais raquitico que os 2.2L de ciclo Otto das S10!
A principal critica que recai sobre esses motores é o enorme numero de vazamentos que acontecem neles, sob uso intenso. E por ter uma durabilidade menor (fato este acelerado pelo uso intenso em altos regimes - necessário pela falta de potencia desses motores - lembre-se que você precisa exigir muito deles para ter um desempenho satisfatorio), é comum o argumento de que "não aguentam". Claro, se compararmos com um MWM TD229 que dura mais de 500 mil km (já vi uma F-1000 1992 com 870 mil km e motor std), é decepcionante ter uma caminhonete diesel com motor que dura igual o de um ciclo otto (em média, 300 a 350 mil km).
Na Ranger, o problema de desempenho não é tão critico quanto na S-10 mas não espere o desempenho de um rojão. No máximo, a aceleração lenta, estilo carro 1L da década de 90 (até porque hoje tem uns 1000 que aceleram bem!). Mas mesmo assim a Ranger diesel no começo era tida como uma picape lenta, ainda mais porque na época, queimando diesel e com aceleração empolgante, tinha a Silverado e em 99, surgia a F-250 usando o Sprint 6.07 com intercooler e 180cv.
O fato é que os constantes vazamentos de óleo na Ranger, a baixa durabilidade e o custo mais alto de retifica (comparado ao MWM) na F-1000 e a anemia da S-10 Maxion acabaram meio que queimando o Maxion HS2.5. Na Mercedes Benz Sprinter ninguém critica porque não é todo mundo que sabe que o motor OM014LA é na realidade um Maxion HS2.5 com o emblema da estrela de 3 pontas na tampa do cabeçote.
Tendo em vista os problemas da S-10,a GM já parceira da MWM acabou encomendando um Sprint igual ao da F-250 com 2 cilindros a menos e dele nasceu o MWM Sprint 4.07TCA de 132cv, 2.8L, motor este que acabou servindo para consagrar a S-10, não seo por oferecer um padrão diferenciado de potencia e desempenho como pela inovação de projetos deste MWM!
A International Engines, que a essa altura já havia incorporado a divisão de motores da Maxion, então reprojetou o HS2.5 e fez o HS2.8, esse sim o mais perfeito dos motores High Speed daquela geração. Rendia os 135cv (igual ao MWM Sprint), tinha uma curva de potencia muito melhor que o MWM e deu outro patamar de desempenho a Ranger, além de ter eliminado todas as deficiencias do HS2.5.
Em resumo, o HS é um bom motor. Longe de ser excepcional, é um bom propulsor, relativamente robusto, bastante econômico (já ouvi proprietários de F-1000 falarem em valores de consumo acima de 11km/L) e um custo de retifica alto se comparado ao MWM D-229 mas semelhante ao de qualquer motor de ciclo otto.
Eu teria uma Ranger HS2.5 sem medo.
Abraços